domingo, 2 de novembro de 2008

As Leis Econômicas Não Pouparam a China

“Em 2006 o peso da balança comercial sobre o Pib chinês foi de apenas 7% (fonte: WTO), motivo pelo qual em geral se dá menos atenção aos seus números.”

“...a soma das exportações e importações sobre o Pib chinês (Trade to GDP ratio) foi de 66% em 2006 (fonte: WTO). Para se ter uma idéia, esse mesmo ratio no Pib brasileiro foi em 2006 de apenas 22% (fonte: WTO).

“...venho alertando sobre a vulnerabilidade da China diante do processo global de deleverage financeiro. Poucos analistas ressaltam que uma parcela dos investimentos, a conta que mais se destaca no Pib da China, advém das atividades de exportação e importação, além do impacto sobre a geração de empregos.”


Fonte: Trading in Blog em 01 de outubro

Nesse final de semana, portanto após o fechamento dos mercados na sexta-feira, foi divulgado o PMI da China referente ao mês de outubro e os números foram muito ruins. Quem apostou que a redução da atividade econômica foi devido às Olimpíadas está no momento coçando a cabeça.

A figura abaixo mostra alguns componentes mensais do PMI, da esquerda para a direita e de cima para baixo, o Nível da Produção, Novas Ordens de Fábricas, Nível das Importações e Preços dos Insumos.


Fonte: CLFP

Componentes do PMI abaixo de 50% revelam contração ou forte desaceleração, sendo que no caso da China o mais provável é desaceleração do que contração (queda).

Não sobrou um componente do PMI para contar uma boa história. Eu fiquei surpreso com a queda na pressão sobre os preços dos insumos, sinal de baixa demanda. O nível de importações me fez imaginar como será o desempenho da balança comercial brasileira nos próximos meses.

Eu não sei o que o mercado esperava em relação ao PMI chinês, mas se o time do Morgan Stanley estiver correto, a reação na próxima segunda-feira não deverá ser boa.

Em um relatório de 30 de outubro a equipe de moedas desse banco escreveu:

“We believe that investors will likely start to assume that the global economy will head into a deeper recession than we had envisaged – probably something as severe as the one we saw in 1982, when the world grew by only 1%.”

Emerging markets (EM) economies will likely be severely stressed, as will their currencies,...”


A Alemanha, um dos maiores exportadores do mundo, é outro que deverá sofrer bastante com uma forte redução nas importações chinesas e, por tabela, o Euro.

3 comentários:

aguia disse...

Mestre:

se me permite, vou colar meu coment num poste porque ficou muito grandão.

( )ão.

PAULO CÉSAR PEREIRA disse...

Mestre KB,

Seguindo seus ensinamentos, analiso um país através de 4 lentes:
a) GLOBALIZAÇÃO;
b) ESGOTAMENTO DO PETRÓLEO;
c) POTÊNCIAS HEGEMÔNICAS;
d) JANELAS DEMOGRÁFICAS.

A) GLOBALIZAÇÃO
A GLOBALIZAÇÃO está evidenciando a vantagem comparativa da CHINA, que é sua grande mão de obra, barata e educada.

B) ESGOTAMENTO DO PETRÓLEO
É evidente que uma alta nos preços do petróleo traz dificuldades para a CHINA e para os países da OECD. A grande diferença é que a CHINA é capaz de reciclar os petrodólares, enquanto os demais países ricos estão com sua capacidade produtiva comprometida.

C) POTÊNCIAS HEGEMÔNICAS

Com os números de Angus Maddison, do FMI e as análises do Goldman Sachs e de Giovanni Arrighi, podemos ver, com grande clareza, que a China está se tornando a nova Potência Econômica.

Subjugada pela Inglaterra na Guerra do Ópio, em 1820, ganhou oportunidade de voltar ao cenário mundial quando os Estados Unidos perdeu a Guerra para o Vietnam e a convidou para uma parceria.

Hoje as multinacionais americanas colocam produtos chineses no mundo inteiro. O Exército americano dá cobertura e a CHINA o financia.

D) JANELAS DEMOGRÁFICAS
No paper 99, sobre os BRICs, podemos ver o enorme papel que a população trabalhadora desempenha sobre o PIB futuro de cada país. A CHINA possui uma jovem e educada força trabalhadora. Além disto, a ida de camponeses para a cidade aumenta muito a produtividade.

CONCLUSÃO:
Mesmo que a CHINA enfrente problemas no curto prazo, emergirá desta crise com a grande e nova POTÊNCIA HEGEMÔNICA, sendo que os Estados Unidos continuarão a fazer a segurança do mundo.

Bob disse...

Tudo culpa do FHC, fdp.