segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Players Deram de Ombros aos Dados da Economia Chinesa

Até o momento em que escrevo, os mercados acionários asiáticos não se impressionaram com os dados ruins da economia chinesa e os players optaram por apostar que as medidas, recentemente adotadas, terão a capacidade de reverter a atual situação, sendo essa a explicação no sítio da Bloomberg, em geral bizarras (essa nem tanto).

Pelo menos numa perspectiva de curto prazo, não deixa de ser uma reação positiva diante de uma notícia ruim, dado que tem sido lugar comum a argumentação de que o destino do mundo está nas mãos dos emergentes, particularmente da China.

Embora eu não tivesse muita convicção numa aposta sobre qual seria a reação do mercado nessa segunda-feira, a minha explicação para a reação positiva até o momento é: “too far too fast”. Quero dizer, a queda foi aguda e rápida demais e uma pausa faz sentido para uma reavaliação do mosaico.


Fonte: KB

O 1° gráfico na parte superior à esquerda é semanal e mostra na cor amarela em que ponto as 500 ações do SPX se encontram, em média, nos respectivos intervalos entre a máxima e a mínima nas últimas 20 semanas. Esse percentual flutua em tese entre 0% e 100%, mas na prática dificilmente ultrapassa os 80% e cai abaixo dos 20%.

No pior momento as ações do SPX se encontraram em média em apenas 3% do intervalo mencionado, um fato raro e um dado muito baixo, somente observado em bear markets muito ferozes. Na sexta-feira esse percentual subiu para 23,5%, ainda historicamente baixo. Portanto, o mercado se encontra ainda oversold, embora sem o extremo recente.

O gráfico seguinte é diário, situa-se na parte superior da figura à direita, e mostra as barras diárias dos volumes na cor marrom, as setas verdes ascendentes os DCAs e a média móvel de 50 dias na cor preta (descendente). Observe que depois do 1° arranque, que foi através de um DCA, o volume começou a declinar e se igualar à média móvel de 3 meses (curva preta nas barras de volumes) e, portanto, voltaram a serem normais. Após tanta queda, como sinal de força, eu esperaria volumes mais robustos, o que não tem sido o caso. Se esse quadro não melhorar não iremos muito longe.

Os 2 gráficos diários abaixo são os que eu estou de olho e que me parece serão determinantes para avaliar até que ponto irá a reação em curso. O 1° mais embaixo e à esquerda, é um que eu apresentei recentemente, que causou algum furor nesse espaço, e mostra o sentimento predominante entre as pessoas físicas que operam opções. O 2° ao lado e à direita, mostra o sentimento predominante entre um grupo bem heterogêneo de traders de opções, desde as pessoas físicas até market makers.

O grupo n°2 tem mostrado, no conjunto, reações mais rápidas e emotivas e, portanto, mais sensíveis à combinação tendência e notícia, tendo inclusive revelado por um instante um pessimismo extremado (barra cor azul) durante um pregão no fundo mais recente, mas que rapidamente se esvaiu e se tornou um pessimismo moderado (cor verde). No momento a complacência está tomando conta até desse grupo.

O grupo n°1, sendo constituído somente de pessoas físicas, tem adotado uma postura mais fleumática e não chegou a apresentar excesso de pessimismo em momento algum, um dos principais motivos pelos quais eu julgo que a base do mais recente fundo ainda não está bem construído.

Se o comportamento otimista (barra cor alaranjada ou vermelha) e pessimista (barra cor azul) do grupo n°2 tem sido capaz de identificar, respectivamente, a maioria dos topos e os fundos intermediários, a consistência e a magnitude das reversões têm dependido da confirmação do sentimento entre as pessoas físicas, o grupo grupo n°1.

No momento bastou a queda ser estancada para que os 2 grupos começassem a olhar o mercado com outros olhos, de maneira mais complacente (barras amarelas). Se mantiver a tendência que venho observando, daqui há poucas semanas o sentimento poderá caminhar para um perigoso otimismo.

Porém não tente antecipar quando esse ponto será atingido, pois a velocidade da mudança da postura dos traders é quase sempre imprevisível, embora uma vez em curso nunca existiu um caso em que a tendência tenha sido revertida sem que antes tenha ocorrido o ponto de inflexão dos preços das ações.

Outro indicador precioso é a volatilidade implícita (Vix), que também é conhecida como fear index (o Vix sobe nas baixas e cai nas altas), que ainda se encontra em um patamar muito elevado, tendo fechado na sexta-feira em 59,9% aa. Nesse dia o meu modelo apontava para um valor justo de 47,5%, portanto, há ainda espaço uma redução do Vix que implicaria em mais alta ou, alternativamente, em um dull market que significaria um mercado com pequenas oscilações, sem direção definida.

Em resumo, os volumes não revelaram até o momento muita potência no mercado e os 2 grupos de traders já começam a olhar a situação de maneira complacente, embora sem otimismo. Por outro lado, as condições para a retomada do bear market, ou de uma nova visita ao fundo mais recente, não são as ideais, pois o mercado continua oversold e o Vix elevado, sendo que, por isso, o mercado poderá permanecer em um caixote, cuja parte superior pode ainda não estar determinada.

Sempre foi comum em longas pausas o SPX beijar a sua média móvel de 50 dias, mostrada no gráfico diário na parte superior à direita, para então tomar o seu rumo, mas por enquanto ela está razoavelmente distante do preço do SPX.

Caso o mercado em algum momento mais distante, visite o fundo mais recente, ou até implemente o seu rompimento para baixo, com divergências técnicas e macroeconômicas positivas (especialmente no comportamento dos junk bonds), necessariamente acompanhadas de um sentimento muito pessimista entre os 2 grupos de traders, eu julgo elevada a probabilidade de que uma base mais sólida esteja se formando para um bear market rally, com risco de compra baixo se a sua formação for seguida de um price action favorável.

Por price action favorável eu me refiro à ocorrência de um DCA, rompimento de topo de um DCB ou DD, desde que estejam reunidas as condições mencionadas.

Por enquanto é apenas uma impressão, uma vez que muita coisa ruim já foi descontada.

Um comentário:

aguia disse...

veneravel KB.

como sempre incorrigivel, pois allways impecable (15).

como bem mostra, por ora, o mercado está dentro do espaço marcado pelo DCB anterior (1) e não vejo, nos meus indicadores (régua, compasso e transferidor), pelo menos agora, possibilidade de arrancos como os da semana passada.

heróicos porrrrraqui, pois data venia, ridículos, por lá na Matriz, principalmente se considerarmos a indecisão, já virando hábito, de DJIA neste pull-back, se bem meu mestre prefira, com razão, olhar o SPX; para mim, ambos mais verdes de medo que maduros.

realmente a região oversold está vazia, o que pode ser um bom sinal, ou não, e muitos mercados, mormente em Pindô, passam a linha divisória do RSI, com alguns já ingressados na sôbre-compra, onde, a qualquer momento, mesmo que congestionando para armazenar fôrças, podem pintar Divergências Negativas nos carro-chefes, k e LÁ.

mudaria de opinião, se, em voltando o mercado de S&P500 para o zona overbouhgt, para onde ora se encaminha, formasse uma divergência, positiva no CP, com o meu medidor de fôrças relativas que é o tio Willy 9 (parente meu e do Fact), acompanhado, pelo menos, por $TRAN.

se não, vai cair.

simplificando; para mim e meus velhos olhos (os 3); se essa merda não paralelizar, just now, a tomar vergonha e coragem para seguir o rallye; tudo isso foi uma longa trap, tipo pulinhos no trampolim para impulso de novo mergulho.

áxu.