domingo, 14 de setembro de 2008

ROE das Empresas Européias

by KB

Em “Há Ocasiões em que o Longo Prazo se Torna Muito Longo” de 09 de setembro, mostrei que o ROE global era cerca de 16% e que aparentemente poderia ter terminado o ciclo de alta da rentabilidade média das empresas ao redor do mundo. No entanto, a média esconde realidades bem diferentes entre os países.

Em “ROE Governa o SPX” de 14 de setembro, o gráfico que compara a evolução do ROE da carteira do SPX com a oscilação do índice não mostra em sua escala o nível em que atualmente se encontra a rentabilidade média (ponderada) das empresas americanas que participam do índice. No entanto, o gráfico revela que o ROE do SPX se encontra mais perto de um piso do que do seu pico histórico. É um quadro bem diferente do apresentado pelo ROE global que, aparentemente, somente agora pode ter atingido um pico.


Fonte: Goldman Sachs

Recente relatório do Goldman Sachs compara o ROE das empresas da carteira do SPX com as européias que participam do índice DJ Stoxx600(curva azul mais clara no gráfico acima). O ROE das empresas americanas se situa em torno de 12%, tendo atingido algo em torno de 16% no pico mais recente e 6% na recessão no início da década, e o das empresas européias atualmente se situa em um pico histórico, em torno de 16%.

O ROE da carteira do Bovespa pode servir como uma amostragem dos países emergentes e atualmente, ponderado pela participação de cada papel no índice, se situa um pouco acima de 16%, sendo que em seu melhor momento, no ano passado, estava acima do patamar de 18%.

O ponto é que, estando o ROE global em um pico histórico e o ROE das empresas americanas bem abaixo de sua máxima histórica, e considerando que o valor de mercado do mercado acionário americano representa um pouco mais de 30% da capitalização mundial, conclui-se que na Europa e nos países emergentes o potencial de downside do ROE é muito maior do que nos EUA.

A ressalva que eu faria nessa afirmação é que o setor financeiro nos EUA pode estar distorcendo muito a média americana, jogando-a para baixo devido aos fortes prejuízos com os sucessivos writedowns e que, portanto, o potencial de downside do ROE das empresas não financeiras norte-americanas seja tão expressivo quanto das demais empresas pelo mundo a fora.

Infelizmente eu não tenho dados para avaliar o ROE das empresas americanas não financeiras, mas como o setor financeiro pesa menos de 20% no SPX e o próprio Goldman Sachs não fez essa ressalva, é possível mesmo que o potencial de downside do ROE das empresas do SPX seja menor do que das empresas nos demais países. Conseqüentemente há o risco de que o ajuste para baixo nos mercados acionários, no atual estágio, seja mais acentuado nos países emergentes e europeus do que no SPX.

Um comentário:

Samuel Ramos disse...

Interessante que a média de ROE aqui está bem próxima da Selic, e se continuar subindo a taxa, daqui a pouco ultrapassa o ROE de muitas empresas.

Sobre as empresas americanas, o que percebi aqui é que grandes exportadores foram um pouco afetados em termos de lucro, mas ainda estão performando bem.

Os próximo balanço trimestral deve dar uma pista do que o dólar mais forte e a recessão na Europa + Japão fez com os lucros deles.

Sds!