segunda-feira, 22 de setembro de 2008

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A correlação positiva entre o gradiente da taxa do T Bonds de 10 anos e a taxa de crescimento nominal do Pib foi de +71,8% na presente década. Nem podia ser de outra forma uma vez que um maior dinamismo da economia estimula uma maior demanda por capital e, conseqüentemente, dos juros.

O gráfico trimestral abaixo mostra a taxa nominal de crescimento do Pib na cor preta e a variação ou o gradiente da taxa do Treasury de 10 anos na cor vermelha. Essa curva dos T Bonds foi obtida por regressão linear, sendo que a escala vertical corresponde à taxa de crescimento do Pib.


Fonte: Federal Reserve, KB – Figura 1

A dívida líquida do Tesouro em relação ao Pib é atualmente cerca de 40% do Pib, sendo o agente econômico menos endividado entre todos na economia norte-americana. Ao engolir a Fannie Mae e a Freddie Mac o Tesouro levou para o seu balanço 40% do Pib em dívidas adicionais, elevando-as para 80% do Pib. Assim está afirmando muita gente, inclusive artigos nesse sentido no Financial Times, o melhor jornal financeiro do mundo. É uma grande bobagem, pois a dívida líquida pularia de 40% para 80% somente se todos os créditos das 2 GSEs fossem totalmente podres, o que é praticamente impossível. A maioria dos créditos, embora nem todos, tem chances de ser recuperado uma vez que as 2 GSEs pelo menos adotaram algum critério na compra dos ativos hipotecários, prática que foi deixada de lado por muita instituição porra louca.

Mesmo que a dívida líquida não suba de 40% para 80% do Pib, serão mais U$ 6 trilhões de funding que o Tesouro terá que buscar no mercado, sem contar novos bailouts que poderão vir. Como conseqüência, o mercado reagiu prontamente e puxou a taxa do T Bond de 10 anos de 3,4% aa para quase 3,9% aa em apenas 2 pregões. O gráfico diário abaixo da taxa do T Bond de 10 anos inclui o dia de hoje, embora o pregão não tenha terminado.


Fonte: StockChart – Figura 2

Onde eu quero chegar? Em geral o arrefecimento da economia, conforme mostra a Figura 1, provoca uma redução do rendimento da taxa de juros de 10 anos, reduzindo a atratividade da renda fixa e, conseqüentemente, a competitividade com o mercado de ações. O recuo na taxa de juros reduz a pressão sobre os earning yields (lucros em relação aos preços das ações) no mercado de ações.

Com a elevação da taxa do T Bond de 10 anos após o anúncio do mega socorro às instituições, o mercado de ações terá que oferecer earnings yields mais atrativos e isso somente ocorrerá com quedas nos preços das ações, pois aumentos nos lucros na atual conjuntura é uma hipótese pouco provável. Mais um vento de proa para o mercado de ações.

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