quarta-feira, 1 de outubro de 2008

PMI Industrial dos EUA e do Brasil

EUA

O consenso para o PMI composto dos EUA divulgado hoje pela manhã era de 49,5%, que já indicava ligeira contração, porém veio apenas 43,5%, portanto, muito fraco. O PMI New Orders (cor preta no gráfico mensal abaixo), que apresenta forte correlação com a taxa de crescimento dos lucros da carteira do SPX, despencou para 38,8%, uma contração somente observada em janeiro de 2001, durante o bear market decorrente do estouro da bolha na bolsa eletrônica.


Fonte: ISM

Gosto de olhar o PMI Importações (cor vermelha no gráfico acima), pois me dá uma boa idéia do nível da atividade econômica (Pib), pois como se sabe as importações andam de mãos dadas com a demanda agregada. Veio um número de 44,0%, o mais baixo na década, também um nível contracionista.

Os analistas vêem reduzindo as suas projeções de lucros das empresas em um ritmo maior desde o mês de agosto. Depois desses dados, eu não vou me surpreender se assistir a uma nova rodada de cortes nas estimativas.

O Múltiplo do SPX, atualmente em 19,2 vezes, que vinha se mantendo muito elevado devido às reduções nas projeções sem uma contrapartida na queda do SPX na mesma intensidade, poderá se distanciar ainda mais do meu modelo que aponta um fair value de 16,1 vezes e mais ainda do Bear Stearns, cujo fair value é de 13,5 vezes.

Brasil

Ainda não tive acesso aos componentes do PMI Brasil divulgado hoje de manhã, mas tão somente ao indicador composto que registrou o percentual de 50,4%, ou seja, na fronteira da desaceleração que se situa em 50%. A história do PMI no Brasil ainda é muito curta, está mostrada no gráfico mensal abaixo, e a sua eficácia como indicador antecedente ou coincidente (dependendo dos componentes) dependerá da qualidade da amostra da pesquisa.

De acordo com o relatório do ABN Amro a queda do PMI composto de 51,1% no mês de agosto para 50,4% em setembro foi devido principalmente à queda do componente New Orders, um dado negativo.


Fonte: ABN Amro / Markit

Convém mencionar que o PMI Composto do Brasil, que vinha apresentando uma enorme aderência em relação à taxa real de crescimento do Pib desde o início de sua curta base, no 1° trimestre de 2006, viu reduzida pela primeira vez a sua correlação com o Pib no 2° trimestre de 2008. Nesse trimestre o PMI composto sinalizou uma desaceleração na taxa de crescimento, enquanto que o IBGE divulgou uma forte aceleração.

Sabe-se, por evidências empíricas, que a contração no crédito começou efetivamente no dia do pânico em 17 de setembro, dia em que a taxa da T Bill de 3 meses nos EUA caiu para 0% devido à fuga dos investidores. Como resultado as linhas externas dos bancos brasileiros foram bem reduzidas.

Espera-se, portanto, que a atividade econômica sofra um baque abrupto a partir de outubro, cuja duração dependerá da manutenção do quadro de aversão ao risco, com inevitáveis seqüelas sobre os lucros gerados internamente.

Um comentário:

Bob disse...

Resposta de Marc Faber:
Q: Is there any other currency or stock market that looks good to you?
A: I am not buying US stocks, but I am long the US dollar. Relative performance may not mean that US stocks go up, they may just go down less than others. Where I am long and optimistic is essentially about Japan. And I would be very wary of the favorite trade of the last two years, long commodities, long steel stocks, long iron ore companies, etc.