terça-feira, 21 de outubro de 2008

O Mundo Estava Short no Dólar

Tempos atrás eu comentei que a correlação positiva entre o câmbio EUR/U$ e o spread entre as taxas dos títulos do Tesouro norte-americano de 2 anos e a média dos Eurobond do mesmo prazo até agosto desse ano era algo em torno de +90%, ou seja, andavam pari passu.

Desde então a correlação evaporou-se e a explicação da Goldman Sachs na época era de que o mundo estava short (vendido) em dólares, pois a moeda americana não parava de se valorizar perante o Euro apesar de um certa estabilidade do mencionado spread.

Os países do G7 têm um acordo de swap lines com o Fed. Quando um dos BC do G7 precisa de dólares, entrega a moeda local ao Fed em troca de dólares. Esse acordo inexiste entre o Fed e os países que não pertencem ao G7.

A Coréia do Sul é um país que apresenta uma elevada dependência em relação às exportações, não pertence ao G7 e não tem um acordo de swap lines com o Fed. Para manter o gigantesco volume de exportação as empresas coreanas necessitam de linhas de financiamentos e elas estão escassas com o credit crunch.

O gráfico abaixo mostra a evolução da relação exportações versus Pib da Coréia do Sul desde o início da década de 80.


Fonte: Reuters Ecowin/ GaveKal

Com a escassez de linhas em dólares, a moeda da Coréia do Sul, o won, tem sofrido recentemente um colapso. Não bastassem esses problemas, a Coréia do Sul, segundo GaveKal, é o país asiático que mais se parece com os anglo saxões em termos de padrão de consumo e os indivíduos daquele país estão endividados até o talo.

Michael Pettis, um professor de finanças na Universidade de Pequim, ex-trader de mercados emergentes, sem o viés de quem trabalha para uma sell side firm, uma bela combinação por sinal, alerta sobre eventual contágio na China proveniente da Coréia do Sul:

"Trying to understand China is so difficult and complicated that in the past few years I have tended to neglect most of the rest of world and just focus on the Chinese monetary and financial systems. Now, however, I think it makes sense to get a better understanding of what is happening in neighboring countries. South Korea could prove to be a real problem for China. Remember that the 1997 Asian crisis saw large hot money outflows from China and real problems develop in its banking system, even though China had none of the balance sheet vulnerabilities that caused the crises in the afflicted countries."

E lembra a exposição dos bancos chineses na bolha imobiliária:

"This time it does – most significantly heavy exposure to the real estate sector (as much as 40% of all loans, according to a senior CSRC official, even though only half of them are classified that way), excessive credit expansion, and too much capacity."

Mais detalhes sobre o arrazoado de Michael Pettis, clique aqui.

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