Devido ao novo fuso horário, a Bovespa tem encerrado o pregão uma hora antes do término em Nova Iorque. Faltando meia hora para o fechamento do mercado norte-americano, portanto com aqui já encerrado, o SPX deu meia volta e fechou quase na mínima, com perdas de 2,58% e em uma perigosa posição.
A minha métrica para considerar se o volume em um determinado pregão é ou não elevado é a sua média móvel de 3 meses. O gráfico diário do SPX abaixo mostra 3 recentes áreas com volumes robustos, sendo a 1ª em julho, a 2ª em setembro, à véspera de um forte sell-off, e a 3ª na primeira metade de outubro.
Fonte: KB (clique na imagem para ampliá-la)
As 2 primeiras regiões formaram uma mesma base, SPX no nível em torno de 1200 pontos que uma vez violada serviu de prenúncio de uma forte queda. Na 3ª área, formada mais recentemente, foram produzidos volumes superiores em relação às 2 primeiras e registrados 2 DCAs (identificados no gráfico acima pelas setas verdes ascendentes), praticamente com a mesma base (mínima intradia), um sinal de que ali é um forte suporte (entre 820 e 850 pontos).
Como regra, a violação da base de um DCA é sinal de que os bulls perderam o seu poder de fogo e um novo movimento de baixa teve início. A violação das bases de 2 DCAs muito próximos é uma sinalização ainda mais forte.
Há alguns atenuantes que pode adiar eventual desfecho para baixo. Segundo o primeiro deles, nos últimos 2 pregões os volumes foram muito baixos havendo portanto, sob o ponto de vista exclusivo do price action, a esperança de que o tão temido breakout (rompimento) para baixo seja pelo menos adiado.
Além disso, os weak hands que operam opções finalmente estão optando pelo lado da venda de maneira mais sôfrega (dado positivo), sendo que a nota do sentimento dessa categoria de especuladores pulou de 7,0 na última sexta-feira para 8,7 nessa segunda-feira, uma mudança de postura pouco usual pela sua rapidez (entre o otimismo e o pessimismo extremos a nota varia de 0 a 10). No entanto, ainda julgo baixa essa nota e o meu palpite é que ela deveria ser mais próxima de 10 para aumentar a probabilidade de uma reação positiva.
Por outro lado, a volatilidade implícita das opções do SPX (uma medida de incerteza dos traders), que fechou em 69,15% aa está razoavelmente acima do meu modelo, que aponta um valor justo em torno de 50% aa. No entanto, eu ficaria mais confortável se estivesse substancialmente acima, coisa do tipo 80% aa, o que não é ainda o caso.
Finalmente há divergências técnicas positivas em todos os meus indicadores técnicos, mas dentre todos os sinais esse é o mais fraco e o mais ardiloso para muitos technicians novatos, particularmente em um bear market.
O grande problema que eu vejo e que aponta para o breakout para baixo, possivelmente até o final da semana que vem caso o quadro atual seja mantido, tem sido a constante deterioração dos spreads High Yields (títulos de crédito de elevado risco), além do mau comportamento da maioria dos leading indicators da economia norte-americana. Esses 2 fatores, pelo meu modo de avaliar o mercado, no momento assumem uma grande importância.
O estrategista do banco Goldman Sachs tem enfatizado, com quem eu concordo (grande coisa!), que a sua visão sobre o mercado de ações se tornaria mais construtiva caso o Global Leading Indicator (GLI) proprietário da instituição se estabilizasse e melhorasse. No momento o GLI está em cliff diving mode, a exemplo do leading indicator do ECRI relativo à economia dos EUA.
O mesmo estrategista julga ser necessário um catalyst para modificar o presente quadro do mercado e que poderia ser o anúncio de um pacote de estímulo fiscal muito acima do esperado pelo mercado.
Para causar um forte impacto o pacote, que virá mas que se desconhece o seu tamanho, deveria ser, na conta do banco, entre U$ 350 a U$ 500 bilhões que representaria entre 2,4% a 3,5% do Pib dos EUA e, preferencialmente, anunciado juntamente com uma ação coordenada com os europeus.
Eu julgo que quanto mais aguda for uma eventual nova perna de baixa nos mercados de ações, mais sensíveis se tornarão os políticos e, portanto, mais provável uma ação coordenada que abuse nos gastos públicos, uma classe que não pensa duas vezes em escolher atalhos.
O meu palpite, e encare apenas como um palpite, é que se o breakout realmente for para baixo, é possível que a minha visão sobre o mercado em relação ao médio prazo se torne mais positiva, caso o pessimismo e a volatilidade implícita atingissem níveis de arregalar os olhos e os High Yields se estabilizassem (ideal seria uma divergência positiva), seguido de um price action adequado (que tal um DCA?).
Essas condições reunidas seria uma mensagem do mercado que eu interpretaria como sendo fruto da atuação de insiders se antecipando a algum evento muito positivo, que poderia ser a hipótese levantada pelo Goldman Sachs.
Se precipitar e formar uma posição comprada antes que tais condições sejam reunidas não faz parte do meu modus operandi (pelo menos eu me esforço), pois seria correr o risco de assistir horrorizado a uma nova agudização da baixa, hipótese perfeitamente plausível em vista da congestão de quase 1,5 mês, ainda mais com elevado volume.
Além disso, nada impede que eventual playable pull back encontre resistência e pare na base da congestão mais recente que, uma vez violada para baixo, deverá oferecer uma natural resistência.
Find me on Tweeter! @FactFin18623431
Há 3 anos
6 comentários:
Há poucos dias atrás, as projeções base para o crescimento do PIB em 2009 giravam entre 3 e 3,5%.
Ontem já li sobre projeções crescimento zero (sic) para o primeiro trimestre de 2009.
O governo quer manter o consumo, disponibilizando créditos "baratinhos".
Como a degola já começou em alguns setores, férias coletivas em outros, vai ser difícil convencer as pessoas a fazerem compromissos futuros, sem saber se manterão seus empregos.
E estamos no final de ano.
simplesmente excelente post...parabens
Reforço a opinião do anônimo..
e assino embaixo! ;-)
Sobre um outro pacote, KB, ou possíveis mudanças no Tarp (?), a urgência por medidas concretas e bem orientadas não poderia ficar penalizada nesta fase de transição na White House?
Vão mudar tudo, e a dupla Paulson-Bernanke já está tomando o caminho de casa...
Haveria a possibilidade de presevarem estas reservas para que a definição dos fins seja feita pelos sucessores na batuta da economia americana?
Outras dúvidas: o mercado e a economia resistiriam por mais esse tempo?
A indústria automobilística pode ficar neste compasso de espera sem o risco de sucumbir de vez? A quem, e o quanto, destinar nesse novo bailout: GM, Ford, Chrysler... juntar as 3?
A base do consumo não tem boa parte de suas origens naquilo que é produzido em Detroit? (inclusive com a retomada dos imóveis dos inadimplentes, muitos americanos usam os carros como verdadeiros "domicílios")
E imagino que, mais do que um símbolo, a saúde da industria de autos nos EUA seja vital para o desfecho (?) desta história.
Com todo sua condescendência, releve se escrevi besteira. ;-)
Abs ^v^
Seagull
Francamente eu opto por não tentar responder as suas questões sobre os possíveis desdobramentos possíveis e mencionados por ti, simplesmente porque, em primeiro lugar, eu não tenho sob o meu domínio todas as variáveis necessárias para uma resposta sem escapar do achismo.
Em segundo lugar, porque de maneira premeditada eu tenho me policiado em manter sempre a postura da dúvida cartesiana (eu duvido, logo existo :) ), caso contrário eu estarei sujeito a ser pego nas inúmeras armadilhas que o mercado me prepara.
O meu método já não tem mais muito segredo, é isso que você já leu. Para ser franco, tem um frame qsobre o longo prazo que eu ainda não revelei de maneira explícita, mas somente subliminarmente, sem dar muita ênfase nos instantes que eu cheguei a roçar no assunto.
Fora isso, é o que você já viu.
Perfeito! Entendo e respeito suas reservas...
Na verdade o desenvolvimento do tema (e a dúvida) se deu com base na leitura do estragetista do GS que mencionou a necessidade de um pacote para o possível breakout.
Que vai acabar ocorendo, seja para qual for o lado.
Meanwhile... vamos lidando com o caixote! ;-)
hã?... aquela merda, no chart pré férias do Bob, era caixote?... putz; entendi caixão (sorry).
meu Mestre KB: num ti falei ki tinha ki 10contrair?... fiquei feliz de ver - ki baita ovação hein? - ainda bem que - 'ainda' (rsrs)- não foram rotten eggs (então reze pô; né, uái).
BUT (by Bob), quanto ao que pregou neste 'litle' post: a depender dos políticos gringos, eu não sei não; pois já tá "comendo" o maior PAU - entre êles e a dupla Paulson Bernanke - dO "COMO", é que vai ser 'Distribuido' o tal cacau nos pratos (tipo, come mais quem tem mais fome, OK... mas, dos nossos ou dos dô6?)
and, na contra-mão, by another hand - but, not the last - pliz, don't remember or never forget (tanto faz), mine ridiculous Neg. Div. of S&P in uncle Willy (she is still there); and, don't die by jelows of mai Inglix, OK?
rsrsrs, Parabens e um baita ( )ão, puta cara BÃO!!!
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