domingo, 23 de novembro de 2008

Fed = BoJ

O Fed usa 3 instrumentos na execução da política monetária: (a) operações no mercado aberto (open market) através do qual compra e vende títulos públicos pela taxa básica fixada pelo Fomc (Copom do Fed) (b) redesconto e (c) controle do nível das reservas bancárias.

Através de sua intervenção nas operações do mercado aberto (mercado formado pelas tesourarias dos bancos e o Fed), o Fed garante que a taxa negociada entre os bancos dos títulos públicos em suas carteiras seja bem próxima da taxa básica (fed funds), fixada nas reuniões do Fomc (Copom do Fed). Dessa forma, nenhum banco seria forçado a vender seus títulos públicos em carteira a preços de banana devido a uma dor de barriga momentânea.

As operações no open market constituem o principal instrumento do Fed e os seus volumes dependem do tamanho do balanço do banco central, mais particularmente do seu passivo que é a base monetária. Com a crise instalada, o Fed passou a aceitar, nas operações de mercado aberto, títulos que não são de emissão do Tesouro, ou seja, títulos que não são públicos.

No entanto, a base monetária, que antes da crise girava em torno de US$ 0,9 trilhão, subiu para US$ 1,5 trilhão, porém mesmo assim não faz frente ao passivo bancário em torno de US$ 15 trilhões, segundo um recente artigo de Martin Wolf do Financial Times.

A figura abaixo mostra, desde o início do ano, a curva vermelha que é a taxa básica diária fixada pelo Fomc e a branca a taxa efetiva praticada no mercado aberto. Observe que desde a 1ª quinzena de outubro o Fed tem permitido que a taxa de juros efetiva no open market fique bem abaixo da estipulada pelo Fomc.


Fonte: Fed (clique na figura para ampliá-la)

Na sexta-feira a probabilidade do Fed cortar a taxa básica, atualmente em 1% aa, em 50 pontos percentuais na próxima reunião do Fomc, cuja decisão será divulgada no dia 16 de dezembro, era de 100% segundo o mercado futuro dos fed funds.

Eventual anúncio de um corte nos juros nessa magnitude será completamente um non event, pois o anúncio apenas refletiria o que já está sendo praticado.

Com a taxa básica se aproximando de 0% aa e o balanço do Fed pequeno diante do tamanho do problema, o seu destino cada vez mais se parece com o do banco central japonês (BoJ ou Bank of Japan) desde meados da década passada.

8 comentários:

aguia disse...

Sir KB:

também estou 'otimista', tal qual no dito: "SE correr o bicho pega e SE ficar..."

ainda mais sabendo que SE houver algum Resfriado inflacionário (note a finesse do 'se' e a de evitar a palavra Surto), claro que não de Demanda, but, ligeiramente pior que é o da tosse 'sêca' de oferta (tipo assim, o cara aumenta o prêço para 'compensar' que a freguesia diminuiu - já que só com 'cortes', não equilibra - como já está acontecendo pôrrrraí, k e LÁ, igual capivara em roça de milho beira-lago: mata uma, voltam dez)... ficará facil pro FED, aumentar a taxa, zerada, para controlar o Dragão (que é o bicho).

facilll...

BUT... e o RESTO?... acuma fica, né, uái?... credo...

ôps, lembrei:
troca a 'Equipe': sempre deu certo, lembra? (sim, só no CCCP, mas, dá refrêsco)... basta ver o que ocorreu na trap do anúncio, da futura troca do Paulson pelo Paul (chapinha da cigana), no apagar das luzes de Sexta.

é ficar quieto mesmo, fingindo de morto líquido, mas fora dágua, pois não adianta nem tentar nadar de costas que já tem jacaré caçando de helicóptero.

( )ão.

aguia disse...

é...fiquei me coçando para lhe sugerir esticar o título:

"Fed=Boj, ou, o remendo é bem menor que o BURACO"

BUT... eu jamais me atreveria a lhe dar um tal pitaco.

PAULO CÉSAR PEREIRA disse...

KB,

Parabéns!

Simples e maravilhoso!

Anônimo disse...

MR. KB

meu coração pulou de alegria quando li o post "O TiB Começa a Aparecer", no qual vc fala do aumento da audiência do blog e conclama participação dos leitores nos comentários.
Eu leio este blog há um tempo...achei por acaso, vasculhando a net, porque sou curiosa demais e quero saber muita coisa. Comecei há pouco no mercado financeiro e estou sofrendo mais do que suvaco de aleijado com tanta baixa, mas por outro lado tenho aprendido muito. E quando leio vcs, fico orgulhosa de mim, por querer fazer parte de um mundo onde há tanta gente inteligente e bem humorada como vcs.

Um grande abraço e continuem arrebentando. Vcs são os melhores.

Ass: uma sardinha (fêmea) frita.

KB disse...

PCP

É que eu não sou especialista :)

Um especialista é aquele que explica algo fácil de maneira confusa, de tal modo que faz você pensar que a confusão é culpa sua. (Willaim Castle)

Anônimo disse...

KB,
penso que problema é mais complicado que o do banco japonês.
No Japão existe poupança.
Nos EUA existia gastança.
Uma coisa é o percentual do consumo no PIB cair e ser canalizado para poupança.
Outra coisa é cair por quê a população ficou mais pobre e vai vender almoço para pagar a janta.
A poupança pode ser canalizada para investimento.
O empobrecimento vira desinvestimento.

aguia disse...

pero, a que lo se me parece, esto si, se parecem y mucho; pues que poco mas que esto hay que las distingüa; tanto estas bancas federales mui reales, como otras brujas que por otro lado, son seguramente non existentes,

"...pero, que las hay, las hay..."
como lo he dito Sócrates, o mejor, Confúcio esto si (o fue Sancho Pança a Don Quixote; o, mientras, a nossotros, el nuestro inesquecible collor de mellon?...) quá, tanto lo hace quanto lo es echo.

y lo 'áxu' ahora... que niguno ha calculado, hasta esto momiento, el tamaño real desto BURACON, sino que seguramente se reconece que es bien mas avantajado que sus remenditos, pero muy menos que la increible 'ondita' tsú.

(pô: consegui, FINALMENTE, escrever, pior ainda, em outra língua... but, olha a hora: assistamos ao rebu do novo pull, ou pum, tanto faz).

KB disse...

Carlos

1-a minha neutralidade é relativa ao horizonte de até 6 meses

2-o atalho escolhido pelos políticos e pelo Fed, os adeptos dos estimulos fiscais (quick fix), trará uma enorme indigestão no longo prazo

3-devido ao item 2 eu jamais pensarei em formar uma carteira com um horizonte superior a 1 ano