Sexta-feira, 07 de novembro de 2008, 03h00
Prejuízo e saques reduzem tamanho das ‘butiques’
Patrimônio chegou a encolher 80%, segundo dados da Anbid
Mariana Segala - AEAo contrário de grandes bancos, que conseguiram engordar o total de recursos em fundos de investimentos no último ano, boa parte das maiores gestoras independentes do País viu a rentabilidade negativa das aplicações e os sucessivos e pesados saques reduzir drasticamente o patrimônio dos seus fundos. Entre as que eram as cinco maiores “butiques” em setembro do ano passado, pela classificação feita no ranking de gestão da Associação Nacional dos Bancos de Investimentos (Anbid), há casos em que o patrimônio dos fundos caiu até 80% até setembro deste ano, de acordo com os dados mais recentes.
Foi o que aconteceu na Mauá Investimentos, do ex-diretor do Banco Central Luiz Fernando Figueiredo, onde em setembro sobravam R$ 407,7 milhões de um patrimônio em fundos que chegava a R$ 2,103 bilhões no mesmo mês do ano passado. “Foi um movimento generalizado na indústria”, afirma Figueiredo. Segundo ele, os pedidos de saques foram mais fortes em abril e maio, frente à fraca rentabilidade de março – “a pior performance da nossa história”, afirma.
O Mauá FI Multimercado, carro-chefe da gestora, deu prejuízo de 6,08% para os cotistas naquele mês. Como os investidores só podem sacar os recursos após 90 dias (prazo de carência da aplicação), os resgates só apareceram nas estatísticas entre junho e agosto. Somente este fundo multimercado da Mauá teve o patrimônio reduzido de R$ 1,383 bilhão ao fim de setembro de 2007, com 748 cotistas, para R$ 189,7 milhões em setembro último, com 104 cotistas, de acordo com dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e do site financeiro Fortuna.
Como conseqüência, a gestora procurou elevar o colchão de reservas. “Reduzimos os custos em 30% a 40% entre abril e junho”, conta Figueiredo. O quadro de funcionário, que chegou a ter mais de 50 pessoas, hoje tem perto de 30 e a área de prospecção de negócios e produtos foi extinta. O caixa é suficiente para pagar despesas e bonificações pelos próximos três anos – “mesmo se não captarmos um real”, afirma Figueiredo.
Consta também entre os mais graves o caso da Quest Investimentos, do ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros. O patrimônio em fundos da gestora caiu 68%, passando de R$ 2,639 bilhões para R$ 830 milhões. “Não tivemos uma performance muito boa no primeiro semestre, principalmente nos fundos multimercados”, admite o sócio da gestora, Walter Maciel. “Os resgates foram conseqüência.”
Entre seus fundos mais famosos, o Quest 30 FIM amargou um prejuízo de 5,45% entre janeiro e junho, segundo o Fortuna. De julho para cá (até dia 3), o retorno está positivo em 0,46%. Nos últimos 12 meses, o saldo é uma perda de 4,43%. A quantidade de cotistas passou de 1.118 no fim de setembro do ano passado para 317 no fim de setembro último e o patrimônio, de R$ 1,773 bilhão para R$ 267,4 milhões.
Pelo ranking, o patrimônio em fundos da Fama Investimentos encolheu 65%, de R$ 1,927 bilhões para R$ 665,7 milhões. Mas o sócio da empresa Fábio Alperowitch discorda dos números da Anbid. “É um ranking totalmente errado. Recebemos investimentos de estrangeiros, que aumentaram suas posições conosco, mas fundos offshore não são computados pela Anbid”, afirma.
Segundo Alperowitch, desde 2006 a gestora vem focando nos estrangeiros e sendo bem sucedida nesta estratégia. A participação destes clientes passou de 10% a 15% dos recursos administrados para 40% a 50%. “Administramos algo entre US$ 800 milhões e US$ 1 bilhão, ou mais ou menos R$ 1,5 bilhão.”
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Há 3 anos
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