segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Con paciencia el cielo se gana

Segundo eu li nas agências de notícias, a alta espetacular do SPX na última hora do pregão na sexta-feira coincidiu com a divulgação do atual presidente do Fed de NY para a secretaria do Tesouro do novo governo.

A puxada apresentou tanto volume na carteira do SPX que superou o do DCB registrado no dia anterior, ameaçando a consistência do breakout para baixo da congestão mais recente do SPX, pois além disso o fluxo se espalhou para todos os setores dessa carteira.

No bull market findo em 2007, o setor bancário era duplamente o mais importante. Primeiro porque esse setor sempre foi e será a peça mais importante do mercado de crédito e, em segundo lugar, porque era o setor com o maior peso no SPX, tendo atingido cerca de 22% ou um pouco mais.

No início da década de 80 chegou a participar com apenas 5% do SPX quando a alavancagem do setor era 1/5 da atual em relação ao Pib. Atualmente é o 5° no ranking e tem só despencado, mas nem por isso deve ser deixado de lado na análise do mercado, pois se as ações desse setor vão sistematicamente mal, tem algo de errado no lado real da economia (main street).

O gráfico diário abaixo desde abril, mostra a evolução do BKX, índice constituído atualmente por 24 ações de bancos, e na parte superior o volume financeiro normalizado dessa carteira. Como se pode observar, o volume na última sexta-feira foi tão grande que produziu um DD (seta descendente azul) na carteira do BKX, cujo volume foi superior ao do DCB (seta descendente vermelha) assinalado nessa carteira no pregão anterior. (quem quiser saber mais sobre a interpretação dos dias notáveis clique aqui)


Fonte: Yahoo / KB (clique na imagem para ampliá-la)

Apesar do elevado volume na última sexta-feira, a sofreguidão de alguns players não foi suficiente para que o BKX fechasse com o mesmo desempenho dos demais setores do SPX, tendo faltando muita munição para que as ações dos bancos ameaçassem a consistência do rompimento para baixo do caixotão formado no BKX, como se pode notar no gráfico acima.

Afirmar que o problema no Citibank foi a causa do mau desempenho do BKX na sexta-feira me parece não contemplar o fato desse banco pertencer à categoria do too big too fail.

É quase uma norma um índice, muito observado como o SPX, empreender um pull back, como o da sexta-feira, nos 1°s dias após o rompimento de uma congestão importante. Se o rompimento do caixote foi para valer, não demoraria muito o índice, após o pull back (como o na sexta-feira), retornar à tendência na direção do breakout, caso contrário, ele teria sido, na linguagem de Pindorama, um violino (armadilha).

Se os últimos 60 minutos foram suficientes para puxar quase todas as ações, ficou sem explicação a razão pela qual os entusiastas da nomeação de Timothy Geithner terem se esquecido de puxar de maneira mais viril as ações do setor bancário, além dos títulos de alto risco (high yields), ou junk bonds, cujas taxas registraram spreads recordes na sexta-feira.

Talvez os atores que representaram o rali na última hora se esqueceram de decorar todo o script. De qualquer maneira, será interessante observar quem irá piscar primeiro durante a semana, se os bulls ou os bears.

Como na semana passada eu mudei para o time dos neutros, eu ficarei na platéia assistindo. Con paciencia el cielo se gana.

7 comentários:

aguia disse...

si, pero que siempre hay las brujas y las tormentas... y usted, mas que los otros, lo sabe muy bien, aguerrido "COMPAÑERO (by lullinha)".

y si fuera verdad lo mismo a que digam que nosotros no creamos en las primeras, non es possible que bamos ahora olvidarnos de la fuerza incomensurable de la Tsú Assessina, muy caro amigo, hermano de mi corazon!

a lo que me parece, non que estejas sofregamente aflito, ni tanto que estejas mui pronto a creir en la virada del juego, PERO (de nuestro cumparsa Bob)...

QUÁ... liga não: colei de memória de uma antiga fala do Cantinflas... BUT, insisto em que o BURACÃO é muiiito maior que todos os tais remendinhos; com ou 100, anúncios, do OBA, ôba... ôps, 1 baita ()ão, rsrsrs.

Seagull disse...

Prezado KB,

Já aderi e me solidarizei faz algum tempo ao seu "status" de neutralidade, declarando-me, inclusive, um PermAlert (sic).

E como não consigo me rotular como Bull ou Bear, no máximo posso ESTAR ao lado de um ou outro, também não poderia me auto-definir como um investidor agressivo.

Sou na maior parte do tempo - e analisando a questão sob o prisma de gerenciamento do patrimônio como um todo - um conservador.

Entretanto, e dependendo do timeframe, sei que assumo com pequenas parcelas do total que administro, posturas relativamente agressivas.

Digamos, então, que me situaria como um trader dinâmico. Ciente de que as verdades da bolsa podem não durar mais do que 15 minutos, consigo com meus sistemas e interfaces de negociação a agilidade necessária para reverter posições.

Penso que aquela máxima onde "melhor ser o último na fila dos ricos, etc..." é extremamente válida. Mas pelo money management e uma gestão de risco, podemos estabelecer stops (uma defesa falha e parcial, concordo) minimizando a nossa exposição. Em derivativos (basicamente com opções) procuro sempre estar travado (ou combinado), o que já oferece uma proteção natural. E esta é, a meu ver, a maior deficiência do INDFUT (ou WINFUT) da BM&F. Apenas a série atual possui liquidez, não permitindo nem que se abra o calendário. O sentido do hedge acaba sendo relativo para quem não carrega grandes posições e seu uso fica mesmo restrito à especulação (bastante temerária com esta volatilidade - embora lucrativa).

O certo é seguir a maré, o que procuro fazer como trend follower, mas são nas reversões que temos a maiores chances de ganhos. O mercado deve reagir antes da recuperação plena da economia. A expectativa por novos pacotes e atauação da nova equipe do Obama devem alentar as bolsas - mesmo que nada seja definitivo.

Como não tenho domínio e pleno acesso aos mercados americanos (imagino que sejam sua especialidade e preferência) não dá para usufruir de outros instrumentos mais complexos (i.e. PUTS) para balizar as operações.

Assim sendo, tento estruturar cada uma com seu devido objectivo de retorno. Do jeito que as coisas andam incertas, mal consigo enxergar o médio prazo. E por mais incrível que pareça, do curto tenho passado direto para o longo!?!?

Estou inclinado a ir recompondo uma carteira para daqui a 10 anos, buscando diminuir seus custos sempre que houver oportunidade.

Ainda acredito no trading range... a cada teste na proximidade dos extremos (30 e 42k) reavalio e ajusto minhas estratégias. Até que o cenário se modifique mais conclusivamente e uma nova conduta, de minha parte, tenha que ser adotada.

Vou tentando ouvir a música que o DJ SPX tocar... sem sair da cadeira, porque a chance de ouvir um violino e "dançar" também é grande. E as visitas ao TiB sempre ajudam a fazer uma leitura mais fundamentada e isenta. Obrigado por compartilhar e vida longa ao blogão! ;-)

Forte abraço!

^v^

KB disse...

1-a minha neutralidade é relativa ao horizonte de até 6 meses

2-eu somente começaria a formar uma carteira com horizonte de 10 anos (nunca fiz isso) quando a relação média na bolsa do preço sobre o valor patrimonial estiver mais perto de 100%

Seagull disse...

Valeu pelo esclarecimento, KB,

Algumas ações da Bovespa já se encontram com relação P/VPA abaixo de 1.

Entretanto, simplesmente observar seus fundamentos, para estabelecer um PL ou projeções de DY, não parecem oferecer dados conclusivos. Os números estão sendo tomados com base em histórico passado, e fica muito difícil estabelecer parâmetros de receitas e lucros futuros com toda esta indefinição do cenário macro. Os gráficos também têm boa dose de incertezas e podem mudar a qualquer instante.

Penso até que as bluechips da próxima década devem ser outras... e a grande sacada será perceber quais empresas poderão ser potencialmente viáveis. Vão vender para quem? Muitas brasileiras são fortes candidatas, olhando para o nosso mercado interno - comparando à China, que muito produz e sua população não consome.

Como ainda não existe nenhum estudo confiável que assegure como estarão as coisas daqui a 10 anos, a seleção de uma carteira para LP fica mesmo sendo um árduo exercício. Para chegar até 20% do capital alocado em RV, quem estiver começando a investir agora, dificilmente sofrerá perdas significativas no LP.

Eu, há muito, já desisti de encontrar e acertar "o fundo"... mas certamente ele, um dia, nos achará.

Que estejamos vivos, e em alerta! Enquanto isso vamos especulando no curto e convertendo o lucro em ativos promissores para o longo. No médio só nos resta tentar dimninuir os custos. Se tudo não acabar, a estratégia tem boas chances de dar certo. Ao menos o risco e a perda estarão dimensionados.

Abs ^v^

PS se considerar isto irrelevante e estiver contra a filosofia que praticam aqui no TiB, pode deletar o comentário. Sem ressentimentos... ;-)

aguia disse...

SEAGULL

nada disso e tudo isso:

o amigo tem abrilhantado nossa praia, com suas intervenções, não importa que seja concordando ou discordando ou siquer inovando, já que é exatamente êste o objetivo dos diálogos abertos, através os Comentários, dêste nosso blog-laboratório.

o TiB é solidário; democrático e além e acima dissso, absolutamente dialético; eis que é da oportunidade enriquecedora de se analisar e discutir variaveis que se consegue boas sínteses.

diga aqui sempre o que quizer, concreta e ou hipotèticamente, e será, como sempre, muiiito benvindo!... mesmo porque estamos discutindo aqui, na verdade, se bem profunda, séria e consistemente elaboradas, premissas futurísticas.

não seja tão sério e cultive o seu sense of humor, pois qualquer asteróide que não respeite muito nossa atmosfera, pode mudar tudo de repente e vamos todos tocar piôrra de ponta cabeça... a não ser que caia na cabeça dum bush pôrrrraí e aí a bolsa sobe.

nosso desejo é acertar e por isso vivemos pesquisando e é na diversidade de ideias e na heterodoxia de modelos - e não em dogmatismos ou rigidez intelectual - que obteremos a soma, com comparsas como o amigo, para clarificar pelo menos os macro acontecimentos; eis que até o momento ninguém fez siquer o Diagnóstico completo da atual endemia, ou, no popular, estabeleceu o exato tamanho do BURACO (pelo menos eu ainda não vi); pois só tenho assistido a uma profusão de remendos curativos, alguns até apenas paliativos.

veja, a exemplo, o que penso, como eterno otimista:

que vamos continuar na ladeira, ah sim... vamos sim!... que a famigerada onda tsú por ora tá só espumando e esta faminta Ursa Maior tem filhotes e ainda por cima está grávida.

nosso desejo maior, cristalino, é sermos solidários com nossos iguais (os patos)...e, se possivel, pelo menos tentarmos "nos antecipar", caso haja algo realmente interessante - coisa que tenaz e implacavelmente - tanto o KB quanto os D+ aqui, cada um a seu jeito, perseguimos [a nivel de pressentimento razoavel e lógico, montados numa montanha de dados... e, of course, sem tentativas pueris de previsões (senão as brincadeiras da torpe cigana que por sinal nunca erra, rsrs)].

...tomou, papudo?...

BRAÇÃO, CARA BÃO!!!

Lucrew disse...

Spcking é o nome técnico da estratégia que pode ser adotada pelos pequenos investidores, ao comprar agora em momento de baixa, buscando retorno de longo prazo, digamos daqui a uns 5 ou 10 anos. Mas tem de ir comprando aos poucos, não pode comprometer todo o dinheiro de uma vez só.

Os day-traders têm medo desta estratégia, neste momento fica parecendo que estamos fazendo preço médio para baixo. Mas se vamos usar esta estratégia, temos de começar em algum momento. Se for o caso, começar agora, antes que os estrangeiros e fundos comecem a recompor suas carteiras.

http://lucrandonabolsa.blogspot.com

Lucrew disse...

Erro de digitação: SPECKING

Alguém já ouviu falar ou fez uso desta estratégia?