quarta-feira, 19 de agosto de 2009

CPFL 2, o Retorno

Vixe! Eu não esperava ser agraciado com um comentário tão bom quanto o do CM, ao meu post logo abaixo.

Explicou bem resumido e bem explicado um pouco do funcionamento do setor de energia.

Do e-mail dele todo, o que eu tiro de mais útil é um aviso, que todos devemos ter em mente: "cuidado com o marco regulatório". Em outras palavras, o governo pode mudar as regras no meio do jogo, e um governo populista poderia, algum dia, sacanear todo mundo, legalmente, no vencimento do prazo das concessões...

Fora isso, ele explicou bem idéias para calcular o lucro e receita da energia a vender.
Cá pra nós, eu que preciso de pente mais grosso, vou me contentar com uma aproximação bem mais malfeita.

Vim aqui aproximar as duas coisas que prometi quantificar...

1. Custo da Dívida

Hoje a CPFL deve R$ 7,6 bilhões a juros de 12% a.a.
Isso dá um custo de R$ 900 minlhões anuais.

Valores brutos. Existe o benefício fiscal da dívida, ou seja, o pagamento de juros reduz o imposto a pagar. Considerando este impacto, o custo cai para cerca de 8% a.a. e assim, o gasto com juros é de R$ 610 milhões por ano.

Considerando um lucro anual de 1,3 bilhões, o gasto com juros é próximo de 46% do lucro!
É uma senhora margem pra aumentar, supondo que ela parasse de investir.
Supondo que ela pagasse a própria dívida em 10 anos, isso representaria um crescimento de 4% a.a. no lucro.

Desta forma chego ao seguinte algoritmo:
1. Se a CPFL encontrar projetos que ofereçam crescimento melhor que 4% a.a. no lucro - então ela investe e mantém a estrutura de capital.
2. Se ela não encontrar - paga dívidas ganhando 4% de crescimento no lucro.

Isso me dá uma taxa de crescimento mínima esperada de 4% a.a. real por 10 anos.
Fora a taxa de crescimento da demanda por energia, coisa de metade da variação do PIB ao ano, já que a região é desenvolvida.

Até aí já estimo em 6% a.a. o crescimento anual nos próximos 10 anos.


2. Novos Projetos
A companhia está com um capex alto - de 1 bilhão em 2008 e 1 bilhão em 2009 - e vem levando a cabo com aumento de dívidas.

Aí incluem-se a geração de 500MW de potência. 250MW assegurados.
Mas contando os projetos em andamento (encerram-se em 2010 pra geração) a companhia vai de 860 pra 1090 MW médios em 2010, sobre o fim de 2008.

Isso é 12% de crescimento no setor de geração por 2 anos.

3. Uma estimativa de crescimento, então!

Já que eu só quero um pente grosso, o exposto acima me deixa dormir bem tranquilo acreditando em um crescimento médio de 5% a.a. pra companhia nos próximos 10 anos.

2 comentários:

Carlos Magno disse...

Lafa e Aguia,
fico feliz com o destaque.
Infelizmente é muita coisa para escrever e o jeito é sintetizar.

A questão regulatória é um aspecto muito importante.

As agências estão ficando subordindas "demais" ao executivo.
Abs
CM

aguia disse...

putz/qua:

não precisava da 'indireta' CM:

já pedi ao Bob pra lhe enviar as 15 pilas combinadas...

( )ão/rs.