quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Se é pra falar do Dólar...

Queria lembrar que todas as análises feitas com US$ versus Bolsa nos últimos anos foram feitas considerando uma certa situação macroeconômica que não existe mais. Essa situação macroeconômica significa uma certa quantidade de US$ razoavelmente fixa no mundo.

Hoje, com o aumento absurdo dos US$ em circulação, fico com medo de assumir que o que valeu no passado permaneça válido.

Prefiro acreditar nos princípios macroeconômicos e microeconômicos básicos, aqueles mais fundamentais, sem modelos exagerados. Esses sim, sempre permanecem válidos.

E a idéia é fácil, dólar demais no mundo, tem que desvalorizar.

Isso pra mim quer dizer o seguinte:

1. O dólar deve perder poder de compra não só frente ao real, mas frente a todas as moedas do mundo.

2. Isso torna as relações entre os câmbios relativamente neutras, entre os diferentes países do mundo, exceto em relação ao US$.

3. Isso favorece exportações norte-americanas p/ resto do mundo e desfavorece importações, o que é bom pra economia norte-americana.

4. Isso também desvaloriza muito a dívida dos EUA em relação ao resto do mundo, o que também é bom para a economia deles (e phode com a China).

5. Nem tudo é bom para os EUA. Com o dólar desvalorizado eles vão ver os estrangeiros abocanharem nacos de suas melhores empresas a preço de banana (Agora é nossa vez).

6. No caso do Brasil, podemos esperar dólar baixo pros próximos anos (show do U2 de novo!)

7. Então qualquer aposta em dólar feita agora, é melhor que seja puramente especulativa e de prazo bem definido...

8. E esteja pronto pra abandonar a aposta em dólar ao menor sinal de queda, porque a tendência geral é PRA BAIXO!

9. No final isso pode bem significar uma alta da bolsa em dólar, o que eu até espero, e isso confirma a idéia de correlação inversa entre as coisas. Mas talvez a própria intensidade mude muito, porque afinal de contas, o motivo é todo diferente!

10. Se Obama souber conduzir bem essa crise, os EUA saem economia chefe do mundo, fortalecida de novo, daqui a 10 anos.

11. Não vale para nós a conclusão de que se o dólar cai, então nossas exportadoras vão se ferrar. os preços das commodities podem (e devem) subir (e já estão subindo) em dólar. Pois os preços são dependentes de uma cesta de moedas e da oferta e demanda, o dólar é só referência.

6 comentários:

aguia disse...

c/cordo,

MESTRE LAFA.

EXCELENTE ISSUE, 'CARO' PROFESSOR!

o que - vindo de quem vem - não é novidade.

bração...

PS

ah, sim... frisei "caro" devido a seu recente REAJUSTE secreto de + 15 pilas/aa.

Marx disse...

Tá loco, o conhecimento que vcs dividem aqui chega dói rsrsrs.
Só uma duvida, no ponto 5 vc fala sobre os EUA verem suas empresas sendo abocanhadas por estrangeiros, isso tb é um fato para o pequeno investidor? existem possibilidades para os que não possuem capital vultoso de se aproveitarem dessa situação?

Seagull disse...

Lafa, vc foi preciso!

Também vejo o dolar muito enfraquecido, principalmente quando vier a cobrança pela quantidade de dinheiro impresso para estancar os efeitos da crise. A nível local (BR) podemos ter até um repique, mas a tendência de queda deve prevalecer.

E o perigo da inflação (plus, aumento nos juros) será latente.

Abs ^v^

Fact Finder disse...

L., no longo prazo tudo faz sentido. No médio, pouca coisa. No curto, às vezes, nada.

M., diante da estrutura feudal do sistema financeiro de Pindorama é pouco provável que criem instrumentos financeiros ou possibilidades voltadas ao pequeno investidor nessa seara. A saída será individual e dependerá da expertise do investidor. Como diz Arnaldo Jabor, 'o atraso nos salvou da crise'. E continuará nos salvando do crescimento econômico também (FactFinder@all right reserved).

Bob disse...

Futuro do dollar:

1)Global Gloom Leads to U.S. Doom: The U.S. dollar goes into freefall for the simple reason that if no country has to hold dollars any longer, they won’t. Instead – thanks to the ragged state of the U.S. government’s finances – many countries will dump greenbacks fast as they can, which will only put additional pressure on an already-strained U.S. financial system, which in turn will further damage our economy.
2)Inflation Inflates: Inflation will strike here with a vengeance, as anything bought, sold or priced in dollars will instantly rise in price to offset this fall.
3)Repatriation Risk: With the dollar serving as the world’s de facto currency, U.S. companies bear very little exchange rate risk when the time comes to repatriate assets or make currency-related adjustments. That would change overnight and prices throughout the value chains would rise sharply to compensate.
4)Money Costs More: The cost of money itself would rise. If the dollar falls, not only will there be massive selling pressure against it, but the cost of borrowing it will rise dramatically as lenders raise rates to cope with the increased risk of dollar-based transactions.
5)Death By Debt: And finally, if there is another reserve currency, other countries will no longer have to buy our debt, and you can guess where that will leave us – especially given the fact that we’ve taken on trillions in new debt to help finance our way out of our current mess.

Lafayette disse...

Bob, seu worst case scenario não é nada menos que... razoavelmente provável!

Será que daqui a 10 anos veremos os EUA renascidos ou ainda com mais problemas?

Marx,
comprar os papéis diretamente vai ser difícil. Mas veremos empresas brasileiras comprarem suas primas ricas.

Já pensou ver a Brasdil Foods ou a Ambev levando um naco da Unilever ou da P&G?

Do mesmo jeito que já vimos a Gerdau, Vale e JBS Friboi mostrarem que a globalização vale é pros dois lados - podemos ver outras compras...

só posso sonhar! Mas minha opinião é que coisas como - PCAR+LAME comprarem um naco do WMT - não são mais impossíveis.