sábado, 21 de novembro de 2009

Duas de Macroeconomia

1. Sobre a "inutilidade" do recente IOF.

Muito me espanta a corrente de gente a dizer que o IOF sobre entrada de capital é inútil para conter a alta do US$. Na maior parte das vezes é gente que perde com o imposto que vem alegar sua ineficácia (como, por exemplo, talvez, o Sr. Mobius?). Mas tem banco aparentemente neutro engrossando a corrente.

Ceteris Paribus deve ser linguajar desconhecido em alguns cursos de economia de hoje. Vai ver é isso. Mesmo assim, ceteris paribus, um imposto sobre a entrada de capital diminui a entrada de capital, e pronto. Se continuou entrando dólar depois disso, não quer dizer que é ineficaz. Nem que é ineficiente, a priori. A gente nunca vai saber quanto estaria entrando sem o imposto.

E a taxação sobre a conversão de ADR´s veio completar a idéia, que inicialmente tinha deixado a lacuna.

Além disso, 2% sobre toda a grana que entra, é dinheiro a mais para as despesas do governo, e o que é mais importante, é um dinheiro que sai do bolso dos estrangeiros, não do meu. Pode ser usado para muita coisa - inclusive comprar dólar e outras moedas.

Além disso, as recentes reclamações de alguns fundos, para mim, apenas confirmam que o interesse em investir em RF brasileira é apenas de curto prazo. Caso contrário, não haveria como argumentar que esta taxa inviabiliza o investimento.

2. Sobre os programas de transferência de renda e a taxa de investimento do país

Muita gente também argumenta que programas de transferência de renda (como o bolsa-família, bolsa-escola, etc) sejam um obstáculo à formação da poupança nacional e uma grande despesa pública.

É, parece que faz sentido. Se eu abrir o Dornbusch-Fischer (Macroeconomia) ele trata as transferências como TR e isso entra direto na despesa do governo, sem ser investimentos.

Mas acredito eu que cada caso é um caso.
A meu ver, R$ 100.000.000,00 de bolsa-família geram um bom bocado de investimento privado. Não vamos esquecer que esse dinheiro é gasto e as empresas que o recebem investem continuamente - em equipamentos, capital de giro, estoques, etc.

Além disso, cumprem direitos constitucionais e atendem ao desejo do eleitorado (em sua maior parte, claro).

(Esta parte foi censurada por mim. Quem me conhece, pode perguntar porque eu censurei em meu e-mail... basicamente eu comentava que investimentos públicos podem acabar gerando despesas públicas desproporcionais ao bem estar que proporcionam.)

Então, prefiro que o dinheiro do meu imposto vá parar no bolsa família, para ser gasto no supermercado, na conta de energia, nas Americanas, na escola, no passe de ônibus, na gasolina da petrobras, na conta de telefone, etc. Não se esqueça de que as empresas implícitas costumam investir mais da metade do LL entra ano e sai ano.

Se houvesse um investimento público limpo e decente, a argumentação que ouço por aí faria sentido. Mas cá no Brasil, sugiro aplicar um "multiplicador atenuador" no investimento público. Cada R$ 1,00 de investimento declarado, corresponda a apenas R$ 0,25 de "I" na fórmula Y = C + G + I + X - M.

Era isso. Abraço.

3 comentários:

D. Zezé disse...

Concordo em gênero, número e "degrau".
E nunca é bom esquecer que 12 bi de bolsa é uma merreca comparando o total amount of the federal budget e a imensa galera que é colocada nas lojas e serviços que vc citou.
Bolsa por bolsa, o Quebec ainda é maior que a gente (per cabeça), ainda que eles tenham a tal porta de saída...mas isso já é outro papo.

Polycrav disse...

Parabens Lafa!

Show!

Clap! Clap! Clap!

Poly

A.Sergio disse...

Lógica perfeita, mas cruel, as alternativas são poucas e ruins, "subsidio" a políticos corruptos ou paternalismo a um povo propositadamente desprezado, fica difícil.

Parabéns por seus comentários, sua assiduidade deveria ser maior.