segunda-feira, 20 de abril de 2009

Artigo do dia 18/04/2009

Sinais moderados de que o índice da contração econômica está reduzindo nos Estados Unidos, na China e outras partes do mundo têm levado muitos economistas a prever que um crescimento positivo retornará aos EUA na segunda metade do ano e que recuperação semelhante ocorrerá em outras economias avançadas. O consenso entre economistas é de que o crescimento no ano que vem será próximo de 2,5%.Investidores falam de sinais de recuperação e de positivos “derivativos secundários da atividade econômica” (a continuidade da contração econômica é o primeiro derivativo – negativo –, mas a redução do índice sugere que a estabilidade pode estar próxima). Como resultado, as ações iniciam uma recuperação nos EUA e em todo o mundo. Esses mercados parecem acreditar que há uma luz no fim do túnel para a economia e para os lucros de empresas.Esse consenso otimista, acredito, não está baseado em fatos. Na verdade, a expectativa é de que enquanto o índice de contração americana reduzirá de -6% nos últimos dois trimestres, a expansão dos EUA ainda será negativa (cerca de -2% a -1,5%) na segunda metade do ano (comparado ao consenso de 2%). Além disso, o crescimento no próximo ano será tão fraco (0,5% a 1%, ao contrário do consenso de 2% ou mais) e o desemprego tão alto (acima de 10%) que ainda será sentido como uma recessão.Dada a fraca previsão para a maioria das economias, as perdas bancárias e de outras instituições financeiras continuarão aumentando. Minha última estimativa é de US$ 3,6 trilhões em perdas por empréstimos e questões de seguro em instituições norte-americanas, e US$ 1 trilhão para o resto do mundo.Dizem que o FMI, que no início do ano revisou para cima a estimativa para as perdas bancárias, de US$ 1 trilhão para US$ 2,2 trilhões, irá anunciar nova previsão de US$ 3,1 trilhões para ativos dos EUA e US$ 0,9 trilhão para ativos estrangeiros, números muito próximos dos meus. Por essa corrente, muitos bancos americanos e estrangeiros estão efetivamente falidos e terão de ser confiscados pelos governos. A crise de crédito permanecerá por mais tempo se mantivermos vivos os bancos zumbis, apesar de suas contínuas e massivas perdas.Diante dessa perspectiva para a economia real e as instituições financeiras, a última alta nos EUA e mercados mundiais de ações deve ser interpretada como bear-market rally (pequena melhora em ambiente pessimista). Os economistas normalmente brincam que o mercado financeiro profetizou 12 das últimas nove recessões, já que muitas vezes os mercados caem acentuadamente sem uma decorrente recessão. No entanto, nos últimos dois anos, o mercado previu seis das últimas zero recuperações econômicas – ou seja, seis bear market rallies que eventualmente fracassaram e orientaram novas baixas.O último “dead cat bounce” (expressão usada por operadores de bolsa nos EUA para designar o momento em que o mercado consegue sua última recuperação antes de cair de vez) pode durar um tempo, mas três fatores irão orientá-lo novamente. Primeiro, os indicadores macroeconômicos serão piores do que o esperado, com o crescimento diminuindo para recuperar o quanto antes a expectativa de consenso.Segundo, os lucros e ganhos não serão recuperados com a mesma rapidez prevista pelo consenso, o fraco crescimento econômico, pressões deflacionárias e surgimento de calotes em títulos corporativos irão limitar o poder de preço das empresas e manter baixas as margens de lucro.Terceiro, os choques financeiros serão piores do que o esperado. Em algum ponto, investidores perceberão que as perdas bancárias são massivas e que alguns bancos estão falidos. Recuperados por empresas alavancadas, irão orientá-los a vender ativos sem liquidez em mercados sem liquidez. E alguns mercados de economias emergentes – apesar do apoio massivo do FMI – experimentarão uma severa crise financeira com efeitos contagiosos em outras economias.Assim, embora este último bear-market rally possa continuar por um pouco mais, a renovação das pressões para baixo nos estoques e outros ativos de risco será inevitável.Para ter certeza, políticas de ações muito mais agressivas em vários países têm reduzido o risco de uma iminente depressão. Este resultado parecia altamente provável seis meses atrás, quando os mercados financeiros mundiais quase entraram em colapso.E ainda, esta recessão global irá continuar por período mais longo do que sugere o consenso. Pode haver luz no fim do túnel – sem depressão e colapso econômico. Mas a recuperação econômica em todos lugares será mais fraca e tomará mais tempo do que o esperado. O mesmo vale para a recuperação definitiva dos mercados financeiros.Nouriel Roubini é professor de economia da Stern School of Business, New York University, and Chairman of RGE Monitor (www.rgemonitor.com)

3 comentários:

aguia disse...

qua...

ta dominado BOB:

ta na cara que o cara le o TiB.

Bob disse...

Boa esta mesmo, Aguia. Este uncle não estuda muito mesmo, hehehehe

aguia disse...

ICEMAN:

sintetizando: exaustao.

ele fala inclusive, na mesma entrevista de que vc extraiu este texto, na clonagem que ja se pretende estratificar nos EUA, do modelo japones; contrariando, of course, o aconselhamento implicito ja postado laboratorialmente aqui mesmo no TiB, da solucao simplista e eficaz do modelo Sueco, tambem de certa forma enfocado por ele, mesmo que sem tal identificaco, no mesmo bate-papo deste famoso macro-analista gringo.

como voce pode inferir, ninguem gostia de simplicar.

e a historia aprova sobejamente as solucoes simples.

fa Z U Q???