(Como diria a clássica patroa, não é o que você disse. É o jeito que você disse.)
Vede:
1. O Lucro Líquido do exercício de 2008 foi de R$ 7,620 bilhões. Ajustado pelos eventos extraordinários (incluindo uma provisão adicional para crédito no valor de R$ 597 milhões antes dos impostos), o Lucro Líquido foi de R$ 7,625 bilhões (aumento de 5,8% em relação ao lucro ajustado de R$ 7,210 bilhões do ano de 2007), correspondente a R$ 2,48 por ação e rentabilidade de 23,8% sobre o Patrimônio Líquido Médio1. No 4º trimestre de 2008, o Lucro Líquido foi de R$ 1,605 bilhão, que ajustado pelos eventos extraordinários, atingiu R$ 1,806 bilhão.
Desculpa. Não entendi. Aliás, nem fiz esforço. Eles fizeram uma zona tentando ocultar uma provisão para perdas com créditos (PDD). E eu vou tentar analisar.
O que é a PDD? Provisão para Devedores Duvidosos. É uma estimativa antecipada do quanto o banco pode perder com empréstimos. Ela é constituída por critérios técnicos. Pegamos a inadimplência dos últimos 24 meses e assim calculamos o valor da PDD. Em steady state, esta deve ser a perda a ser vista no futuro, e daí tudo está certa, essa perda já foi considerada desde a hora em que o empréstimo foi feito.
Veja abaixo como é feito:
Analisando então. A PDD adicional foi constituída para se proteger de um grande aumento na inadimplência. Coisa bem prudente dada a situação de mercado.
Abaixo vamos ver por que a necessidade de adicional.
Veja que no período 04-08 a inadimplência baixou em relação ao crédito concedido. Isso apesar do expressivo aumento no volume de crédito, ou seja, da concessão de crédito a quem, antes, não conseguiria nem fiado no boteco.
Como a inadimplência baixou, a PDD dos últimos tempos estava sendo calculada com índices de quando tudo estava bem.
Agora que o mundo levou uma sacudida, os níveis de inadimplência vão subir, é bem esperado.
E por isso o banco teve que constituir esta PDD adicional.
E a minha conclusão é que ela não tem nada de extraordinária. Vai ser gasta até o último centavo, com a inadimplência subindo uns 2 pontos.
Essa foi a parte ruim. A administração vendendo esta PDD como se fosse uma coisinha de nada. É uma antecipação muito prudente de despesas que estão chegando aí. Então o lucro é R$ 600MM menor sim, extraordinária é a cara de pau de quem escreve, fecha a conta e passa a régua.
A parte boa é que a provisão deve ser suficiente.
Tem muita gente contando com o "subprime brasileiro" em breve. Não é pra tanto, mas algum aumento no calote vai ter.
Na minha opinião o Descão está preparado pra isso, carregando aí 93% de empréstimos bons (A-C) e com uma cultura de fazer PDD´s sempre 50% maiores que o necessário. Historicamente, uns 2/3 da PDD constituída é realmente usada.
Fora isso, eles conseguem sempre "empurrar" alguma coisa pro empréstimo popular ruim. Um título de capitalização, um VGBL, etc. Um punhado de débitos vai ser resolvido resgatando esse tipo de coisa.
Então, eu acho mesmo que a coisa vai piorar. Mas já está quase toda provisionada. Daí, gasta a PDD que já foi constituída.
O pior que vejo acontecer seria queimar um trimestral ou dois.
3 comentários:
Caro Lafayette seria momento de olhar os bancos/financeiras pequenos aqui ou a inadinplência será piro ainda para eles? vide PL de alguns como BPNM4,ABCB4,BRSR6,BGIP4 e por vai...
MESTRE LAFA:
o apelo da sua ausencia era brincadeira...
MAS AS MULTAS NAO!!!!
... qjuanto ao seu post, sem sequer pretender arranhar e muito menos tentar tirar o autentico valor e brilho desta sua profunda, oportuna, detalhada, sutil e meticulosa observacao, AF inclusa; o Descao, a meu ver (grande merda, repito); foi estruturado, tambem filosoficamente, por um genio que era apenas um simples 'Amador' no MF e que mesmo assim - rei do 'nao vamos complicar' - com sua objetividade, oportunismo inexcedivel e simplicidade; deu banho aqui e no MFI; nao servindo, pois, de base para uma visao mais generica da Banca Tupiniquim (e o Bob - que de bobo so tem o jeitao lerdo de escalar os everests do market - ja lhe pede agua na fonte para estender sua Analise aos demais bancoes e tamboretes de Pindo^)... ninguem no Pindura dos derivativos?... nas oropas ja descobriram a agiotagem institucional com alavancas geometricas ateh de 50 para 1!
BUT, e alem disso, gostaria muito, de le-lo, numa geral sobre a realidade dos VPAs, senao sobre um apanhado geral do Indice bovespa, pelo menos das azuis tupiniquins, ja ditas 'muito baratas', n vezes, pela midia bursatil burra e a chapa-branca pusilanime... pois a alavancagem do falecido Bull, aqui na Bofesta foi cerca de 5 pra 1 (com os espirituosos, astutos e providenciais splits de sempre), quando la em WS apenas dobrou na real... e mais: a requebrante girada nas esquinas desta quedinha, porrrrrraqui, sequer corrigiu suas 'contas devidas' (coisa em que o BobDoc MV tambem eh craque), ate agora, com a Ursa gravida, como aconteceu no purgante, por ora, la na MATRIZ, K-CILD`S!!!...
tem um puta circo ARMADO bem ahi oh!... debaixo de nosso nariz!
[ ]AO.
recado ao leitor:
bom nao esquecer isso, apos o pequeno carnaval do refresco (ou vice-versa) - da pedra cantada em coment anterior - ainda fresquinho porrrrrai.
axu
Águia: o q vc quer dizer com alavancagem de 5:1? Compradores? Isso não afeta em nada o negócio do Bradesco, certo? Só quer dizer que vamos poder encontrá-lo a preços mais atrativos ainda quando a alavancagem cair pra, say, 0,5:1 he he
Laffa: good catch. Não li o documento ainda (vou enrolar enquanto posso, para não me entusiasmar), mas estou sentindo um cheiro de que a inadimplência está crescendo solto na praça. Já estou vendo 2n+1 exemplos de defaults de famílias, nas classes A- a C. E não tenho certeza se o Bradesco é tão criterioso assim na escolha dos empréstimos (com certeza não tanto quanto a Alfa, por exemplo) - ou seja, há que se considerar uma possibilidade não-nula e positiva de que mais que essa provisão seja necessária (somos ou não somos eternos otimistas, afinal?).
Meu chute outro dia era que a inadimplência pudesse subir até uns 100% atuais, já inchados, ou cerca de 8% no caso dos financiamentos de veículos. Sei lá, mas espero pelo pior.
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