terça-feira, 30 de setembro de 2008

Em 2001 foi diferente


houve sequencia na queda iniciada no dia 11/09. Outro momento? Outras dúvidas?

Elliott - duas opções como sempre



É só escolher e seguir a estratégia, hehehehehe

Fleumáticos Demais

1-A volatilidade implícita (fear index) atingiu o valor de 46,7%, tão alto que não tem nem o respaldo dos spreads HY, apesar de que ontem também furaram o teto. No entanto, as pc ratios equity-only e o TRIN não revelaram pânico entre os traders. Um quadro macro como o que vivemos não justifica tanta fleuma.

O volume não foi estupendo nesse dia em que o bailout foi rejeitado, mas foi o suficiente para um DCB. Além disso, o mercado trouxe os preços muito abaixo de uma região de altíssimo volume.

Quem comprou com o SPX entre 1170 a 1250 pontos e que ainda não vendeu, deve estar com o dedo no gatilho. Eventual aprovação do plano no Senado, que botaria pressão na Câmara, poderia servir de saída para esses mal sucedidos apostadores. Compre na expectativa e venda no fato?

2-Me lembro de ter lido em 2003 o Richard Russell afirmar que o fato do DJIA ter ultrapassado o nível equivalente a 50% de retração (entre o pico em 2000 e o fundo em 2002) era muito bullish. Bem, pela primeira vez o SPX violou o Fibonacci de 50% do de cujus bull market.

3-A queda na cotação do petróleo baixará a crista do russo Putin (quem manda lá afinal?) e do venezuelano Chavez?

Para os Prudentes, a Hora da Xepa

Em um comentário anterior insisti que nós ingressamos em uma nova era, a da desalavancagem (deleverage) na principal economia do mundo que detém 30% do Pib mundial ou, simplesmente, a redução do endividamento onde ele está mais inchado, nas instituições financeiras e nas famílias.

Se esse processo for delegado exclusivamente ao mercado preparem-se, pois a crise irá entrar em sua casa, mesmo estando a milhares de quilômetros de distância. Se a mão do Estado se envolver no processo, as chances são muito boas de que a maioria saia viva dessa.

John Mauldin relatou na semana passada algo que eu já havia percebido nos fóruns financeiros nos EUA que é a presença de um forte sentimento de raiva e indignação entre os cidadãos contra as irresponsabilidades da banca. Esse sentimento não brotou nos últimos dias, é uma onda que emergiu há muito tempo, impulsionada pelos desatinos dos primeiro e segundo escalões das instituições do setor financeiro.

Os Average Joe com suas decisões estúpidas foram também atores nessa farra, mas o lado que pagou o pato.Deixemos isso de lado, o que importa é o sentimento que predomina no momento.

Na sua ignorância sobre assuntos financeiros, a opinião pública poderá dificultar as coisas no caso dos políticos se guiarem somente pelas ondas do momento. Por outro lado, será politicamente inviável um plano que não atenda a sede provocada por esse sentimento de raiva e indignação.

Dessa forma, a primeira condição para um bom plano é política, qual seja, a participação do Tesouro na forma de equity em todas as operações em que se envolver com uma instituição financeira. Sendo assim, aumentarão as chances de que os contribuintes terão parte dos recursos devolvidos, quiçá até com lucros. O plano não poderá se esgotar numa solução para a banca, pois terão que achar um paliativo para o Average Joe que se danou todo na lambança em que se meteu.

A segunda condição é técnica. Se o problema é a alavancagem nas instituições financeiras, a simples monetização (transformação de um ativo –ruim- em dinheiro), como era a proposta original do plano de Paulson (não li a versão final, ainda bem pois não perdi o meu tempo), poderá ter pouca eficácia conforme tem alertado Roubini e bem lembrou John Hussman. Nesse caso haveria apenas uma mudança contábil do lado esquerdo do balanço, sem atacar o problema que está do lado direito, ou seja, a razão (ratio) entre o endividamento (debt) e patrimônio líquido (equity).

O plano seria bom sob o aspecto técnico caso o ratio debt:equity se reduzisse até níveis aceitáveis. O Japão somente implementou um plano que atacasse esse problema em 1998, quando as condições políticas permitiram as autoridades injetarem uma enorme soma nos bancos em troca de ações preferenciais e títulos de crédito. Foram necessários mais de 7 anos para vencer a resistência política contra a intervenção do Estado, enquanto isso a atividade econômica se contraiu durante esse período.

Contudo há uma abissal diferença entre as situações dos japoneses e americanos. O Japão pôde se dar ao luxo de empurrar a solução com a barriga, pois contavam com uma expressiva poupança privada, mas não é esse o caso dos EUA, onde o consumidor se entregou a uma orgia de consumo nas últimas décadas. Nesse embroglio, todos têm culpa no cartório, mas se deram melhor os mais espertos.

Em algum momento a solução virá de uma combinação entre uma intervenção do Estado e uma solução natural de mercado, nesse caso sob o império das leis darwinianas. Quanto mais tempo demorar a solução, nem que não seja a ideal tecnicamente, maior será a dor e o número de cadáveres pelo caminho.

So what? Estamos aqui para ganhar dinheiro, ora bolas, e não para proselitismo político. Direto ao ponto, aqueles que se comportaram de maneira prudente, chegará a hora de tirar benefícios da barganha que atingirão os preços das ações. Será quando se poderá falar de uma estratégia de compre-e-segure (buy-and-hold), não da forma apregoada por muitos pastores caça-níqueis. Para tanto, a primeira regra que eu seguirei será a paciência, afinal o processo de redução do endividamento será longo.

Enquanto esse momento não chegar, haverá muitos pull backs aproveitáveis, porém todo o cuidado será pouco, como tem mostrado as últimas experiências onde as técnicas empregadas com sucesso no bull market que se foi, fracassaram redondamente nos últimos meses. Um misto de price action, sentimento, intermarket relationship e valuation formarão uma combinação que decerto ajudará a evitar as armadilhas no caminho até a hora da xepa. Como eu tenho sempre comentado nesse espaço, táticas opostas à dos retail investors terão chances enormes de sucesso.

Um parêntesis nessa discussão. Os retail investors, que jorraram nos últimos 12 meses quase R$ 20 bilhões (equivalentes a mais de U$ 10 bilhões) na bolsa via trading direto e aplicações em fundos mútuos (exclui fundos multimercado - hedge funds), não entraram ainda em pânico. Mas entrarão. Entenderam o recado, certo?

Retomando o fio da meada, no caso das ações da carteira do índice Bovespa, o retorno médio dos dividendos nos níveis atuais de preços é quase 6% aa (2,5% no caso da carteira do SPX), superior à renda média dos aluguéis, com a vantagem de que uma empresa, escolhida por critérios saudáveis, poderá dobrar de tamanho, enquanto um imóvel irá se depreciar.

Para quem, como eu, que julga o atual ROE médio da carteira do Bovespa muito elevado (16,3% ponderado) e que, portanto, deverá retornar pelo menos em torno da média histórica (em 2002 atingiu cerca de 8% aa), em algum momento as ações poderão ser adquiridas a preços de barganha. Os retornos dos dividendos serão muito mais atrativos, sem contar os ganhos de capital que certamente virão para quem não cair na tentação por ganhos de curto prazo.

Esse nosso país tem muitos defeitos, o principal deles em termos econômicos, é um Estado gigantesco (apoiado por uma parcela da população que ingenuamente acredita que o almoço é de graça), responsável pela baixa produtividade de nossa economia, que joga nas costas de um zeloso banco central, cooptado que sempre foi pela banca, a tarefa de controlar a inflação produzida pela farra com o dinheiro meu e seu, com uma enorme ênfase nos juros.

Porém tem umas coisas em nosso país que me anima e que se vê em poucos lugares que são as riquezas naturais, uma base industrial que nem o populismo cambial destruiu, a receptividade por novos valores culturais (aposto que o português falado no Brasil será incompreensível para os lusitanos daqui uns 50 anos), a ausência de conflitos étnicos, de xenofobia e uma flexibilidade e jogo de cintura que se traduz em um empresário muito especial.

Se as inevitáveis quedas das cotações do petróleo não inviabilizarem a exploração do pré-sal, cujo breakeven é sabidamente elevado, finalmente poderemos, não obstante o peso do Estado, pular para um novo patamar em termos de investimentos, a principal mola para um crescimento sustentável. Nas últimas décadas os investimentos mal ultrapassaram a casa dos 20% do Pib e com o pré-sal poderemos atingir níveis asiáticos.

Contudo, como o império da lei em nosso país não é muito forte, as salvaguardas institucionais dos acionistas minoritários são pequenas, eu recomendaria que a escolha de papéis se resumisse a um estreito universo de grandes empresas que detenham um market share dominante e históricos imaculados na relação com seus acionistas.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Contagem de Ondas







Na postagem do dia 15/09 coloquei que poderíamos iniciar a mais dinâmica das ondas de baixa. Pior é que achei que teria que refazer a contagem mas o mercado mostrou sua face do mal.

Chapter of Technical Oddities - II

Essa postagem é uma atualização da anterior. O processo de gap filling nos Treasuries de 10 anos iniciou-se hoje. E dado o forte momentum descendente dos mercados é provável um fechamento ainda essa semana. Diminuição de yields em Treasuries combina com fraqueza em equities.

Mensagem em um Website de um Banco Europeu

Due to the current financial market turbulence in the last few weeks we have experienced a significant reduction in secondary market liquidity in hedge fund, real estate and commodities certificates. Hence, the quotation (*) for some of these certificates may not reflect the actual value of the underlying. - Sep 26, 2008

When reviewing your report (**), please note the following: Due to the current development of the international financial markets, there is no pricing available for some assets and instruments . Therefore and for the time being, all those assets and instruments are stated as 0 (zero). The prices indicated may deviate from the actual price. - Sep 19, 2008

Nota: a ênfase é minha.

(*) cotações dos ativos das aplicações financeiras do correntista do banco
(**) resumo das aplicações financeiras do correntista do banco

Dica: em bancos europeus deixe sua grana em conta corrente, sendo que em alguns países o seu depósito a vista (diferentemente do Brasil) é remunerado a uma taxa baixa, porém o seu risco é o banco e não um ativo tóxico, e se o seu banco estiver ok, você dormirá tranquilo.

domingo, 28 de setembro de 2008

Notas Breves

1. Um conhecido que tem estreitas relações com o principal gestor de um hedge fund, com sede em Londres e que administra U$ 8 bilhões, me relatou um trecho da conversa telefônica que travaram nesse domingo:

a- A próxima corrida será contra os hedge funds e muitos trancarão a saída (meu comentário: 1- isso seria um trigger para uma nova onda de vendas de ações; 2- os resgastes têm que ser avisados com antecedência). Seu conselho, caia fora dos hedge funds; b- Um terço dos hedge funds desaparecerão; c- Pelo menos mais um ícone norte-americano pode ir para o saco; d- Os bancos europeus too-big-too-fail serão todos socorridos pelos governos (a vertente do welfare state na Europa é muito forte), sendo que hoje tivemos o exemplo do Fortis que foi socorrido pelos governos belga, holandês e luxemburguês;

2. A temporada de divulgação dos resultados (earnings season) relativa ao 3° trimestre começará a esquentar com Alcoa (AA) no dia 07-10. Nesse dia a Aracruz também divulgará os seus resultados.

A corrida ao WaMu e um anúncio para HOJE;

Respondendo apenas hoje a uma pergunta de leitores do Blog radicados nos EUA, verificamos que o Govêrno Americano, passou as chaves na porta do Banco Washington Mutual, o WaMu - sexto lugar no ranking bancário gringo, recém-falido na corrida de clientes desesperados, após os mesmos secarem do cofre o disponivel de mais de 16 bilhões de dólares (tipo assim, quero minha grana no meu bolso e é agora, just now) - e as entregou (as tais chaves) ao JP por singelos 1,9 bilhões; depois de no mês passado o FED ter chancelado a tranformação do Morgan Stanley e do Goldman em holdings para que tenham acesso a grana pública direto no Cofre do Tezouro.

Por certo teremos ainda hoje, se já não saiu, a notícia de um acôrdo (vamos acordar nós também, minha gente) entre os dois Partidos do Congresso dos Estados Unidos sôbre o pacotaço em gestação, após a discussão que entrou pelo fim da semana (é, enquanto nós, míseros mortais, estamos tranquilos hoje em casa ou na farra, os Congressistas de lá estavam trabalhando, belo exemplo para uns caras de Brasília); na qual, alguns gênios até queriam que os 700 bi da UTI já saissem direto do bolso dos particulares e não do bolso estatal, no que a gente fica torcendo pelos nossos irmãos do Norte que não apareça algum idiota sugerindo algo como a nossa, infelizmente não patenteada CPMF(será que isso dá royalties?) e que os tais "particulares" sejam as próprias Instituiçõs Financeiras e não o povão. Apesar de que, pelo que já vi nas reprises anteriores, estariam apenas e tão sòmente invertendo a cronologia de quem paga o pato. Nada a ver com os patos citados pelo KB em recentes Posts.

A ideia é que esteja tudo votado e aprovado, com as modificações de praxe, até amanhã cêdo, com um baita ribombar na midia econômico-financeira mundial e preferencialmente, ANTES, de WS dar o seu protocolar pequeno show de sinos e palmas na abertura da Bolsa.

Tudo por causa da bendita Bôlha das Hipotecas de casas de 300 mi, por 1,x bi; que Tio Greenspan viu inflar-se e deu uma de Pilatos, com a turma da alavanca da casa própria assoprando; até que um furinho aqui, outro ali, ar poluido pelo vasamento inicial, virus contaminantes no Sistema Bancário, que; ganância insana desmedida, usando o princípio de Arquimedes de forma geométrica; já em junho do ano passado, desnuda o Bears Sterms (que nome hein?), após afundados dois de seus fundos mais agressivos - um urso atraz das focas indefesas, já de barriga cheia e pisando no gêlo fino de sub-primes - e que foi, finalmente, em março pp, abatido, com bala do FED, mas... por quem, quem?... o JP, again... e por 20% do valor; enquanto 10 outros Bancos pequenos se cotizavam para garantir uma bóia SOS mais amiga ou menos amarga.

E assim la nave se foi... Fannie; Freddie; AIG; Lehman (o inédito abandonado no baile)... e haja o que houver, no final de mais esta novela, o Tezouro dos EUA; se conseguir salvar o bôlo hipotecário a prêço de banana, uma vez saneado o sistema; poderá até ter um baita lucro com a revalorização, mesmo que a longo prazo, dos papeis de garantia agora podres; a não ser que depois de tudo acomodado - quando e SE - não aparecerem; um pouquinho antes da correção consequente do valor dêstes chamados Ativos (os papeis, pois hoje os mutuários são chamados de outros nomes); talvez, quem sabe, hã... o próprio JP Morgan (o primeirão do tal ranking dos very very strongs, costas arqueadas de Derivativos); ou outro Grande Branco, digo, Banco; para arrematar tudo na pechincha; como já vem treinando o JP nos atuais... leilões, digamos assim.

Ainda lembrando maratonas outras de clientes bancários, o BoE inglês (não confundir com o BOE, Banco Central Europeu; também na dança desta festa macabra, a tempos, em par com o FED); salvou de um vexame - tal qual o do WaMu da terra de Tio Sam - em setembro do ano passado, o Northem Rock (é cada nome), o 5° no painel de hipotecas de lá, estatizado finalmente em fevereiro dêste ano e vai por aí... o Lloyd's compra o rival HBOS e tem ainda a estória da quebra do Bradford and Bingle; fora outras, ora ainda debaixo do pano, esperando o tempo clarear e rezando para que a onda tsú não chegue.

E daí?... amanhã vai cair ou vai subir aqui em Pindorama que é só o que interessa aos nossos visitantes mais agressivos???

Sei lá...

Para os menos pacientes que não temem UTI "alheia" (by Lula) brevemente vou colocar aqui no poste os dez mandamentos do Jogador Cauteloso, um postulado in memoriam de Pat Hearne, menos famoso mas muito melhor no poquer que o lendário Jesse Livermore.

Boa Sorte a todos.

Dolar mensal em chat semil-log


Sei não, arrumei para escala semilog e não mudou muito para mim. Rompeu e pronto.

BOVESPA e seus DCAs e DCBs

Alguns itens chamam atenção neste chart.
1) Canal de baixa intacto então poderia e pode ser somente uma reação dentro do canal , BUT
2) TREND de baixa já com 4 meses de duração e volume aumentou muito neste suposto low.
3) Durante a queda ocorreram DCAs e DCBs mas estes chamam atenção pelo seguinte: DCB ocorreu em um trade em evolução e principamente o DCA que surgiu rompeu o topo do DCB anterior. Vejam que nas siyuações anteriores(círculos acima) isto não ocorreu.

Então quem optou por posição comprada neste ponto teria o low do DCA em 48423 com stop de segurança.

Price Action: DCA - DCB - DD

Price action, na minha linguagem (outros podem caracterizar de outra forma), é definido pela direção dos preços, a intensidade do movimento, o volume e o grau de participação dos papéis na tendência. Há um jeito de resumir e matematizar tudo isso, sendo que as principais definições podem ser vistas nos links dos termos empregados. As terminologias e acrônimos adotados nesse texto para indenficar cada um dos dias notáveis foram cunhados por mim.

O DCA (Dia de Consenso de Alta) é de longe o principal price action em importância, sendo caracterizado por um dia de forte alta com enorme volume. De igual importância tem-se o DCB (Dia de Consenso de Baixa), inverso do DCA, e o DD (Dia de Dissensão) que é caracterizado por um dia com pequeno range, podendo ser de alta ou de baixa, e enorme volume.

Em torno de todos os principais pontos de inflexão do Bovespa foram registrados um desses dias, sendo que em 75% dos casos foram assinalados DCAs e o restante DCBs ou DDs. Observe que eu mencionei pontos de inflexão e, conseqüentemente, eu abrangi tanto os esgotamentos das altas como das baixas. O final do bull market em maio reforçou essa estatística, pois ocorreu quando um duplo DCA teve a sua mínima violada.

O primeiro DCA em uma tendência baixa, acompanhado de divergências positivas nos indicadores de dispersão do fluxo e pessimismo, é um ponto de compra de baixo risco. O primeiro DCB em uma tendência de alta, acompanhado de divergências negativas nos indicadores de dispersão do fluxo e otimismo, é um ponto de venda ou, pelo menos, de zeragem de compras. O DD funciona em ambos os casos, desde que também acompanhado dos mesmos requisitos.

DCA Clímax ocorre quando a mínima nesse dia (base) é violada durante uma tendência de alta de longa duração, sendo também um ponto de venda ou de zeragem de compras, mas desde que acompanhado de divergências negativas e otimismo. Numa tendência de baixa, a violação da base de um DCA sem divergências positivas é um sinal de saída de posições compradas ou início de um short.

DCB Clímax ocorre quando a máxima nesse dia (teto) é violada durante uma tendência de baixa de longa duração, sendo portanto um ponto de compra ou pelo menos de zeragem de um short, desde acompanhada de divergências positivas e pessimismo. Numa tendência de baixa a suspeita de que um DCB pode se transformar em Clímax de venda acontece quando ele não viola nenhum nível importante.

Entre esses 3 tipos de price action, o DCA é de longe o que apresenta melhor grau de acerto. Como se pode ver eles se prestam a pontos de entrada e de saída, nesse último caso como trailing stops. Acompanhado de máxima de algum indicador pontual (que não dependem de médias móveis para a sua construção como o HL e R HL) o DCA chancela um breakout, assim como o DCB quando acompanhado por mínima de algum indicador pontual.

Nos gráficos que serão apresentados por mim ou pelo Bob mais adiante, os DCAs serão identificados por barras e setas verdes ascendentes, os DCBs por barras e setas vermelhas e os DDs por setas descendentes azuis.

Observe que com a abordagem acima, começamos a reunir todas as dimensões ou faces do mercado: price action, sentimento, intermarket relationship e valuation. Intermarket relationship é a conexão entre os diversos mercados, de ações, de títulos (juros), moedas e commodities.

sábado, 27 de setembro de 2008

há muitos buracos e poucos dedos

Estava relendo o meu veneravel Mestre corujão e pensando com meus botões, todos nós já acordados, que certamente o que ainda está represado e a quantidade de buracos no dique da economia mundial e especìficamente na americana, só o tempo, doravante impiedosamente, vai precificar no contexto geral do Mercado Financeiro gringo e Internacional.

Penso que não temos ainda como agregar às contas 'já feitas', mesmo às meticulosamente bem feitas, as contas que ainda não foram levantadas para a inclusão, no tamanho do rombo da insolvência, as instituições financeiras podres que 'ainda' não cairam e mesmo um bruxo insider, mais por dentro (e com números mais redondos) que carôço de abacate, deve saber - entre outras coisas - quais os Bancos gringos que ainda vão quebrar, quando tôdas as fichas finalmente cairem, de podres, digamos assim mais no popular.

O dominó, penso eu, siquer começou a desmoronar e a corrida de rearranjo das peças já começou, pois depois que o Lehman quebrou sem refresco; por não conseguir vaga no tal hospital de urgências de Paulson e dos dois FEDs; as ações de encampações extra-oficiais já estão à tôda, na calada e na superfície onde o Merrill Lynch se vendeu pro Bank of America por uma bagatela (deságio de um têrço de seu valor) e já mais lá looonge, além mares, lá na terra mãe dêles, em consequência da contaminação da mesma virose da bôlha das casas, o HBOS (um primo Inglês de Fannie e Freedie, as gringas já curativamente estatizadas a oxigênio e sôro no vapt-vupt hospitalar) foi velozmente absorvido pelo Lloyds, devido à infecção generalizada da securitização do troca-troca das hipotecas na, chamemos assim, globalização da gananciosa alavacagem dos prêços das casas, coisa simples e que poderia ter sido administrada com pouca bala, se preventivamente.

Assim, dá para se esperar e temer que o caso da AIG e os demais, já detectados, ou não, e em andamento corrosivo acima e abaixo dos panos, possa não ficar só nisso aí que já veio à tona: os primeiros afogados na grande reprêsa.

Quanto às consequências desta situação para a massa de contribuintes do mundo todo que no final desta atual novela (reprise, repito sempre, de velhos filmes) vai ter que suar para varrer a lambança do carnaval de rua dos banqueiros envolvidos nesta escandalosa mega especulação, quando apurada finalmente a conta da festa, lá; ali; alhures e aqui... isto, só com o tempo de duração desta prenhês em andamento; para se saber o tamanho paquidérmico do feto que nós, o povo, vamos ter que parir na hora da dor, de pagar.

Por ora, é aguardar a aprovação da apenas sofrivel pseudo solução a ser lenta e 'altaneiramente' (quá) aprovada pelo Congresso Americano, atendendo patriòticamente ao pedido desta PRIMEIRA parcela curativa (não se enganem todos êles que nos enganam a todos); a qual, a ficar só nisso, vai refrescar é claro, mas nada além disso; se, nada nada, além disto, for feito; como a, aos quatro ventos já ventilada, 'reestruturação do SF'; velho sonho, mas que passados os pesadelos, é sempre esquecido; e mesmo assim, só viavel se; enquanto e se tentarem reestruturar mesmo, refreando as exóticas e exuberantes (by Sir Alan) alavacagens absurdas; puzerem muito, mas muiiito mesmo, mais bala, nesta briga que está apenas começando, já que a grande onda, apezar de bater forte e de uma só vez, é sempre lenta em se armar.

Quanto ao atuais primeiros sofredores, os pequenos (alguns nem tanto, pois compraram casas de 300 por mais de um milhão) mutuários inadimplentes, tenho a informação de que já recebem cheques ao portador do govêrno e esta grana certamente está já calculada e provisionada na mesma enfermaria-ciranda da UTI do hospital geral do Paulson; do Bernenke e do cara lá do FED de NY que são os que estão tentando enfiar os dedinhos nos buracos já detectados e já sabem que vai faltar dedo para os ainda não contabilizados; enquanto o Bush que não manja nada disso, anda por aí sorrindo.

De que, eu não sei, mas, pensando bem, outro dia vi o meu presidente, na TV, rindo disto tudo também; sinal talvez de que a gente está se preocupando por nada, nadinha;
apesar de que, pelo menos nesta questão, sei que, apesar das juras oficiais que afirmam que estamos 'blindados' (lembra Fact?... pois é, disseram mesmo a tal palavra), vamos levar pelo menos uma desvantagem, entre a crise que 'é só do Bush' e a que não vai acontecer aqui devido aos nossos sólidos 'fundamentos'... e a nossa pequenina desvantagem é que, se as manteigas da blindagem estiverem erradas, pelo menos o Bush tem mais dedos para tapar buracos que o meu alegre e sorridente presidente em campanha, sagaz sempre e que até disso; por mais honroso que tenha sido; sempre tira lá suas vantagens políticas, sindicais e ou partidárias; muito inteligente que é e só não mais culto porque simplesmente ou estratègicamente não quiz.

Ainda bem que para os investidores mais ajuizados existem vários tipos de aplicações defensivas, onde podem abrigar seu sagrado dinheiro, sempre ganho honradamente, para esperarem o tsunami passar; ou, para os mais impacientes; mas só depois de darem certo, se derem; as operações de salvamento dos atuais pacientes na UTI e dos da fila lá do hospital maior; cogitarem novamente de operações de prazos, curto; médio ou longo (tanto faz e só depende de gôsto individual); no alto risco especulativo.

E enquanto esperamos, pelo menos eu, velho pássaro e sempre curioso observador, vou relendo os meus professores; eis que sei que não sei nada (como dizia o senador grego que tomava porre de sicuta), sabendo assim um pouquinho mais que muitos que pensam que sabem muito; sem falar dos que acham que sabem tudo, geralmente patos.

A TODOS, BOA SORTE.

Bailout da America

Um dos mais astutos analistas com visão global, o suíço gestor de fundos Marc Faber, estabelecido em Hong Kong, esteve bullish em relação às commodities até há pouco tempo e a partir de então mudou de idéia. As commodities big caps, depois de registrarem um pico histórico em julho desse ano, mergulharam ladeira abaixo desde então. Esse novo acerto reforçou a fama de Marc Faber, que apareceu nos holofotes em 1987 quando previu o crash na bolsa americana com excelente timing.

Segundo ele U$ 700 bilhões é nada perto dos U$ 5 trilhões necessários para salvar o sistema financeiro americano. Sabendo que esse suíço tem uma rusga em relação ao Tio Sam, tanto é que saiu de Wall Street e foi parar em HK, eu fui fazer as minhas contas, preliminares diga-se de passagem, para checar se não tem ai um exagero.

Segundo Martin Wolf, fonte confiável para dados macroeconômicos dos EUA, a dívida total americana entre famílias, setor privado e público era de 346% em 2007 (290% em 1929). Dois setores foram os principais responsáveis, famílias com endividamento de 100% e o setor financeiro com 116% do Pib, números de 2007.

O Pib dos EUA relativo ao 2° trimestre de 2008, cuja 3ª revisão foi divulgada nessa sexta-feira, foi de U$ 14,3 trilhões e a alavancagem do sistema financeiro é aproximadamente 30 vezes o patrimônio. Para se ter uma idéia, no Brasil a alavancagem é pouco mais de 10 vezes devido à volatilidade de nossa economia e aos juros elevados que restringe o crédito.

Suponhamos que o sistema financeiro americano diminua a alavancagem para 20 vezes, número que me parece bem razoável. Isso equivale a reduzir a sua participação no Pib para 77% (116x20/30) através de uma redução da alavancagem em U$ 5,5 trilhões (116%-77% aplicados sobre U$ 14,3 trilhões). Ops, chegamos perto do número do suíço, mas para mim a conta não termina ai.

As empresas Fannie Mae e Freddie Mac já foram absorvidas, tendo o Tesouro engolido U$ 6 trilhões em obrigações, sendo U$ 3 trilhões em títulos de emissão das 2 GSEs e o restante em co-obrigações, até onde eu sei. Restariam então U$ 2,5 trilhões ($5,5 menos $3) para a alavancagem ser reduzida para 77% do Pib. Tem ainda a absorçao da AIG, mas cujos números eu não encontrei de pronto.

Devido aos deságios dos títulos emitidos pelo setor financeiro negociados atualmente no mercado, a conta seria inferior aos U$ 2,5 trilhões. Tem ainda os U$ 700 bilhões relativos ao plano proposto pelo Tesouro (cujos detalhes eu desconheço sendo que a premissa é que deverá reduzir a alavancagem), que deverá ser aprovado, senão a casa poderá ruir. Restaria U$ 1,8 trilhão no máximo ($2,5 menos os $0,7), sem considerar os deságios, mas que ainda é muito dinheiro.

Há a possibilidade de novas capitalizações através de fundos soberanos, private equities, Warren Buffetts da vida e o público (o bem mais rico, claro), além da geração de caixa do próprio sistema. Por ora, eu chutaria necessidades adicionais de U$ 1,5 trilhão, que em boa parte poderia ser resolvida através de uma gradual redução das operações ativas e, consequentemente das operações passivas (deleverage). De qualquer maneira, o próprio processo de deleverage em si, conforme eu já comentei dias atrás, mesmo que restrito a U$ 1,5 trilhão ou cerca de 10% do Pib, justificaria mais downside para os preços das ações.

Ou os meus números estão totalmente furados ou Marc Faber (já li que tem outro cara falando em número semelhante) chutou muito alto. Se o suíço estiver correto, o gap nos yields que o Fact afirmou que seria fechado, talvez fosse na próxima década, rs. Aliás, me esqueci de mencionar outra previsão de Marc Faber que afirmou existir somente mais uma bolha a ser furada, a dos yields (bolha na cotação dos Treasuries que segue sempre a direção contrária à dos yields). Ou seja, segundo Faber os juros só tem um caminho a seguir, a direção norte.

Se Marc Faber estiver correto, e torçam contra ele, a América terá, e eu falo seriamente, que ser objeto de um bailout pela China, Japão, demais asiáticos e com uma mãozinha dos europeus. Como a grana não sairia de graça afinal there is no free lunch, os EUA teriam que ficar de joelhos. Mas ficariam? De maneira alguma, não sem antes chegar perto do abismo, senão não haveria justificativa política e a humilhação seria injustificável perante a opinião pública. Nessa hipótese eu nem imagino a profundidade do buraco em que o nosso Bovespa se meteria.

Qualquer que seja o número, há ainda o enorme problema do endividamento das famílias que não foi contemplado pelo plano de Paulson e, por isso, corretamente criticado por Roubini. Se é para ajudar Wall Street que ajude também a Main Street, ora bolas.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Economic Cycle Research Institute

Para quem não conhece essa instituição independente, Geoffrey Moore, o seu fundador, foi um dos pioneiros na criação dos indicadores antecedentes (leading indicators) na década de 40 do século passado. Inicialmente a técnica foi vista com enorme ceticismo pelos economistas da época, porém atualmente todos os bancos de ponta tem os seus leading indicators para quaisquer países e muitos, inclusive, para setores das economias, que são guardados a sete chaves.

Quem não conhece essa técnica, um pequeno exemplo deverá ajudar. A primeira coisa que um empresário da construção civil deve fazer é obter uma licença junto ao órgão regulador e partir daí iniciar a execução do projeto. Em algum momento serão necessários gastos em materiais sanitários, por exemplo. Tendo conhecimento do número de permissões para construções, pode-se conhecer com alguns meses de antecedência o volume de vendas de materiais sanitários pelos fabricantes.

Portanto, o número de permissões para a construção é um indicador antecedente. Nos EUA temos o indicador Building Permits que antecipa em torno de 2 trimestres os impactos sobre a atividade econômica. Tem também o Housing Starts, o Housing Market Index, enfim, indicadores para todo o gosto.

Me impressiona a pobreza de indicadores econômicos antecedentes relativos à economia brasileira. Parece-me que os nossos institutos e o próprio governo não se deram conta de como se pode aumentar a eficiência na alocação de recursos com o emprego desses indicadores.

O PMI Industrial existe nos EUA desde o final da década de 40 e o ISM Serviços desde 1997, indicadores amplamente empregados em outros países, mas no nosso caso foi necessário o banco Real se associar com a Markit Economics no começo de 2006 para a construção de um PMI Industrial para a nossa economia, divulgado mensamente.

A Fundação Getúlio Vargas, fundada em 1944, somente em meados da década passada se associou ao instituto alemão IFO para construção de indicadores sobre a confiança do empresário. Enquanto isso, a maioria dos nossos institutos continua produzindo estudos baseados em técnicas arcaicas que mais se aproximam de achismos, verdadeiros lixos tóxicos para quem os lê, claro, e pior para quem aposta em suas conclusões.

Geoffrey Moore foi um dos criadores do leading indicator da economia norte-americana divulgado pela Conference Board, atualmente considerado o indicador antecedente oficial. Ao se afastar do governo, Geoffrey Moore participou da fundação do Economic Cycle Research Institute e continuou a desenvolver a sua metodologia. Os seus indicadores são considerados tecnicamente bem mais avançados do que os da
Conference Board.

O ECRI foi um dos poucos institutos independentes a prever a recessão no início da presente década. A partir de então ganhou enorme notoriedade, tendo sido por diversas vezes mencionado com louvor pela revista The Economist.

Geoffrey Moore faleceu na década passada, mas deixou sucessores no ECRI. Os sócios remanescentes escreveram um livro sobre indicadores antecedentes que eu comprei há 5 anos atrás quando eu comecei a me envolver no assunto. Esperava mais do livro, porém pelo menos os princípios básicos foram bem explorados e serviram para evitar que eu trilhasse caminhos errados.

A partir da notoriedade do ECRI no início da década, os seus leading indicators perderam um pouco de seu valor, pois tudo o que se torna público ou com acesso pela maioria dos players é imediatamente precificado pelo mercado. No entanto, é melhor ter conhecimento de algo juntamente com os grandes players do que o contrário.

O ECRI divulga às sextas-feiras o seu leading indicator semanal (WLI ou Weekly Leading Indicator) sobre a economia norte-americana, cujo grau de antecipação varia entre 1 a 2 trimestres. A mensagem abaixo, divulgada hoje, resume um cenário nada animador:

“With WLI growth falling to a fresh 28-year low, it is clear that the recession will not end any time soon, regardless of actions taken by Washington.”

O WLI é um indicador de médio prazo, mas há também indicadores divulgados pelo ECRI para horizontes bem mais amplos.

o TARGET e a engenharia

Diz a lenda que o arqueiro heroi Robin Hood nunca errava o alvo.

Deve ter passado muitos anos treinando na floresta de Sherwood (distrito de Nottingham, onde havia um xerife idiota e cruel com os pobres e cego apenas para as mazelas da nobreza britânica, na época, nas mãos de João, irmão de Ricardo Coração de Leão, o verdadeiro Rei, Cristão; que enquanto estivera no trono protegera os pobres, ao contrário do cruel João que os saqueava e matava; mas Richard estava longe bem distante, frente à Santa Cruzada; saqueando e matando infieis, muitos também pobres).

Robin, era, apesar disso, fã de Ricardo e odiava o Rei estepe João, a quem desde jovem jurara combater, numa luta sem tréguas, tipo um Davi contra Golias e por isso, sempre que a também arqueira e fogosa Marion lhe dava uma folga, treinava e àrduamente treinava, exaustivamente, sua pontaria; pois sabia que tinha que ser o mais infalivel possivel; já que seu alvo era tomar dos ricos para dar aos pobres e sabia que tendo que mirar nisso, dependeria de penoso sacrifício no planejamento e de rígida determinação na execução...


para Aprender, antes, de tentar seu target point: o momento da vitória, ao se aventurar a treidar contra João e o xerife.


Assim (eventualmente na caça, enfiando a espada em touros para alimentar seus fieis seguidores e flexando ursos para defender Marion), após montar a engenharia estatégica da batalha, foi treidar, digo, trocar flexas e espadas com seus figadais fidalgos inimigos e seus asseclas (é... os que seguiam João e o xerife eram asseclas) e teve dias up and down na batalha; but, atingiu a môsca azul num torneioo moral e os venceu no campo, enquanto tomava dos tubas e punha o seu no bolso pois também era pobre e terminou reempossando no trono o seu idolatrado Ricardo e casando-se com Marion para ser feliz para sempre (the end).

Assim é o final desta tal estória e idealìsticamente idem deveria ser todo final de trade, após cumprido o time preciso para ser atingido o TARGET PRÉ-ESTABELECIDO; seja quando curto; médio; ou longo; no seu devido tempo e, se curtíssimo, antes do final de tarde do DT.

Pois apesar (e quanto pesar) disto passar despercebido - mesmo que coisa grave e escandalosamente caótica - ali na floresta do market tem muita gente que atira flexas de ouvido (por 'ouvir' alguém na mídia especializada, e bem paga, sugerir ou induzir, ou algum mui amigo gurú forense idem idem, tanto faz...) e que se errasse seria até melhor que cicatriz acautela; pois quando acerta, de cara, num boi mais manso, fica tão feliz que de tão alegre vira caça e acaba penando nas garras de um ardiloso urso.

Mas isto é corriqueiro e por si só não justificaria êste Post que na verdade tenta instigar os amigos a pensarem... e, se, muito pesarem; já sabendo que é sim, muito dificil estabelecer o momento de ENTRAR numa operação bursatil, pois é justamente sôbre isto e quase apenas disto que se fala e se conta em prosa e versões analíticas; poderão talvez, sei lá, levar em conta que:

MUITO MAIS DIFICIL É SABER A HORA DE SAIR.

Pois é aí que está o segrêdo maior da engenharia desta coisa: o estabelecer-se "prèviamente", rígida e irremovivelmente, qual é exatamente a margem de lucro (ou perda, course) e ao chegar-se ao target point - ao atingir-se o alvo - nem piscar: pegar Marion e levá-la para a floresta; pois lucro na bolsa só se já no bolso...

e um prejuizo, pode sim, ser minimizado.

O alvo é o limite, tanto up quanto down.

Para quem sabe estabelecer o seu limite.


Agora, caro leitor, veja que light: nem falei em alavanvagens; nem de UTIs nos EUA; nem de recessão na China; nem de Derivativos; nem de que Macahado de Assis que nunca foi player, a muiiito tempo ter dito "Nem tudo se perde nos bancos; o mesmo dinheiro, quando alguma vez se perde, muda apenas de dono" (e nas bancas teria dito hoje); nem siquer dos tais aberrantes (há sim) S.O.S. 'prêços mérdios' e pense você um pouco e reflita, sôbre quem são na Bolsa os personagens da estorinha acima; mas, por favor, não me coloque entre os tais asseclas e se me deixar escolher, entre a flecha e a espada, prefiro ser espada.

Então, heróico Robin, se você realmente quer tirar alguma migalha das carrancas dos grandes brancos e se já estudou e treinou bastante; antes de mais nada (e principalmente antes de treidar) faça uma meticulosa engenharia de seu trade e mais que tudo estabeleça um alvo, o qual deve ser o ponto final de cada estorinha que viver ali, naquela floresta perto da praia, cheia de reis; xerifes; bois; ursos e atraz da onda os grandes brancos;

BUT, tem, também, a Marion.

Hã?!... agora é tarde?... que tarde que nada, nunca é tarde para aprender: leia as muitas páginas que o Bob escreve em um simples gráfico, principalmente se Mensal; leia atentamente as sutilezas delicadamente inseridas nos Posts do Fact; e releia o Mestre KB; fora outras visitantes conchas próximas com pérolas e alguns raros diamantes (ainda a serem peneirados), of course.

BOA SORTE.

aqui só dá vampiro

Estava olhando o relógio e pensei com meus botões:

'caramba isto são horas de se estar escrevendo???'

E um dos botões respondeu: "Então, vá dormir, pô!"

fui

Chapter Of Technical Oddities

O bailout de US$700 bi de Mr. Paulson provocou um dos maiores gaps (região amarela) no yield dos Treasuries de 10 anos de que se tem notícia. Uma das primeiras lições aprendidas - deveria ser uma das últimas - dos novatos de TA é que "gaps se fecham". Via de regra, sim. Só não se sabe quando. Os technicals indicam que não ficará muito tempo aberto, embora, no fundo, acredite ainda em um pequeno upside nos yields.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Dolar mensal


Aguia, pqp, escreve alguma coisa. Será que é esta linha mesmo? Lulla vai sentir o final de seu mandato + queda consumo na China.

Oportunidades de curto prazo







Faz alguns dias que venho postando sobre candles, volume em provável fundo, etc e acho que ainda pode ter um cadim mais. Reversão ainda não. News dos US podem dar um fôlego até eles cairem na real que a quebradeira não tem mais volta. Chama atenção que PETR e Vale já romperam LTB principal e BOV ainda não. De olho.
BOV ainda poderia recuar até 48424 que não anularia sinal de reversão de curto prazo mas não poderia perder este low(KB pode explicar este dia)




Dicas - Não Seja Você o Pato - Parte II

Recebi uma mensagem com o seguinte teor:

"Lendo o seu post (e todos os outros) “Dicas – não seja você o Pato”, mas já sendo, porque eu sou esta “gente entalada com posições mal compradas”. E mais: no mesmo parágrafo você disse, “No capítulo seguinte dessa nossa conversa, com o emprego dessa dimensão do mercado, o sentimento predominante, vou sugerir uma estratégia ousada para os patos que caíram na armadilha e tentar, não sem riscos, porém aceitáveis, encontrar uma saída para eles”. A pergunta é a seguinte: desistiu de escrever esta dica ou passei batido e não consegui vê-la?"

Esse débito eu já paguei, pois a resposta consta do último parágrafo do comentário em:

http://tradinginblog.blogspot.com/2008/09/de-olho-nos-investidores-individuais.html

Tênues Sinais Positivos

Começaram a surgir os primeiros sinais de debandada dos patos, mas ainda estamos longe de ver revertidas as enormes somas investidas por essa categoria de investidor via trading direto no mercado de ações desde novembro de 2007. Coincidência ou não, outra peça de informação se encaixa com o timing desses esperados movimentos dos investidores individuais.

Ao receber via mensagem eletrônica e ler o conteúdo do blog do César Maia, prefeito do Rio de Janeiro, arregalei os olhos ao ler a previsão de um conhecido analista técnico sobre o objetivo do índice Bovespa em 30 K pontos (nesse momento o índice é cotado em torno de 51,6 K pontos).

A influência desse analista como formador de opinião não deve ser superestimada, mas eu sei que ele é um pastor de muitas pessoas. Tendo sua previsão sido divulgada em um dos blogs políticos mais lidos do país, o fato ganha uma dimensão maior, pois reverbera na mente de muitos patos e reflete o consciente coletivo do momento.

Esse comentário não é nenhum demérito para esse analista, que eu não conheço e que só pelo fato de ter sobrevivido no mercado até hoje já merece uma menção honrosa. Ele pode até estar certo no longo prazo, mas mesmo que o mercado atinja esse objetivo decerto que não o fará em linha reta. E o meu interesse é também capturar os bear market rallies.

Nem Delfim, nem Simonsem: PRIMEIRO, APRENDA...

Convocado pelos pares para decisão emergencial, obriguei-me a um hiato em Toronto, minhas merecidas férias; e já que operei a peste, digo, a pasta do micro, vou tentar passar aqui uma mensagem que me inspiram as várias cicatrizes experienciais, bem intencionada e respeitosa, aparentemente simplória, ainda mais para simplórios que não consigam entender o quanto é importante, para nós, neste Blog, a SOLIDARIEDADE.

But, de fundamental importância, para os que pretendam ser realmente investidores razoavelmemnte seguros e mais tranquilos no mercado bursatil; traders de LP ou players de CP e até dos caça-niqueis de DT... e vou aproveitar a deixa para 'deixar' bem claro e inequívoco que não tenho nada, nadinha, contra quaisquer investidores ou especuladores, sejam grandes ou pequenos e quaisquer que sejam as modalidades operacionais e referências Analíticas e Métodos de quem quer que seja; eis que todos - e eu digo TODOS - que operam no market, a nivel de solitária pessoa física, para mim são verdadeiros herois intimoratos e aquêles que operam com o próprio dinheiro são, creio eu e aqui confesso, cidadãos absolutamente admiraveis e respeitaveis; tais quais príncipes altaneiros, donos inquestionaveis de suas vontades e decisões; pois afinal são, na verdade, e em última análise, êles quem PAGAM (ou recebem, quando e se 'realizam'; eis que Lucro na Bolsa, só o é, quando já no Bolso), pelas suas experiências bursateis.


A MENSAGEM É:


"NO MARKET, PRIMEIRO SE APRENDE... E SÓ DEPOIS - DEPOIS DE SE APRENDER - FAZ-SE".


O Ditado que diz que "só se aprende fazendo", a meu ver, NÃO é aplicavel à ARTE de Operar no Mercado Financeiro e em especial no Mercado Acionário e afins bursateis, como commodities e certos derivativos (os tais que no total, hoje beiram o 1/2 quatrilhão de US$ e que quando estavam 'sòmente' em 150 tri, a apenas 3 anos e pouco atraz, só o JP carregava nas costas 1/3 disto... e aproveito e respondo à pergunta about it, de um visitante recente: basta clicar no Google ou na Site da Bolsa que êles explicam essas coisas e até explanam; esticam, etc); onde, no geral, se alguma regra acauteladora fosse possivel se estabelecer, a meu gôsto seria esta, com certeza: "Primeiro aprenda, depois faça".

Boa Sorte a todos; principalmente a alguns muito queridos e idem especiais, se bem afoitos, leitores dêste Blog radicados nos EUA.

aguia, de volta à Muda.

Notas Breves

1- Ontem o Instituto alemão IFO divulgou os dados de setembro sobre a confiança do empresário alemão. Embora a visão dos alemães não represente uma amostra perfeita da Eurolândia, esse pais é o motor da região.

O sentimento predominante entre os empresários, em contraste com o dos weak hands na bolsa, é um ótimo indicador antecedente. Esse indicador vem caindo desde 2007 e mais recentemente de maneira mais acentuada. A grosso modo, ele antecipa em quase 2 trimestres o gradiente (variação) da taxa média overnight (não a taxa em si) entre bancos na Eurolândia (equivalente à taxa cdi, ou seja, a taxa de empréstimo sem lastro ou sem garantias entre os bancos).


Fonte: IFO, KB

Indicador IFO adiantado em 5 meses na cor vermelha e variação da taxa overnight na cor preta.

A temperatura continua se esfriando lá no velho continente.

2-A maioria dos analistas usa a taxa do Treasury americano de 10 anos como parâmetro de taxa risk-free e que, portanto, serve como taxa de desconto (acrescido do prêmio de risco) dos fluxos de caixa das empresas sujeitas à precificação.

Desde o dia 31 de dezembro do ano passado, o CDS de 5 anos (prêmio da apólice de seguro contra eventual default) do Tesouro americano pulou de míseros 8 pontos-base para 20,50 no dia 23 de setembro (fonte: Bloomberg). Para se ter uma idéia, a apólice do Morgan Stanley registrou 512,90 pb, a do Citigroup 227,10 e a do UBS 220 pb. Quanto menor o CDS, menor a percepção do risco.

A alta do CDS do Treasury é munição para o Ouro.

A pergunta que se coloca é como isso afeta os modelos de precificação, uma vez que a taxa do Treasury caminha para ser risk-free meia-boca. Não tenho lido considerações a respeito nos relatórios de valuation que eu recebo.

Martin Wolf

Até por falta de competência, não faz parte do meu objetivo dar lições ou sugestões a policymakers. Martin Wolf, colunista do Financial Times, cuja leitura é obrigatória, adora fazer isso. Li uma vez que há inclusive mesas redondas de economistas para discutir os artigos desse colunista.

A Folha publicou ontem uma tradução de um artigo recente de Wolf onde ele recomenda algumas medidas para a solução da crise bancária nos EUA.

De acordo com o seu diagnóstico, para debelar a crise deve-se estancar a descapitalização do sistema financeiro. Conseqüentemente, segundo ele, a forma mais simples seria capitalizá-las, forçando-as (termo usado na tradução) a emitir ações e suspender os dividendos.

Instituições como o Citigroup e o UBS foram as primeiras a se capitalizarem via lançamentos voluntários de ações, e agiram de maneira agressiva no início desse ano, bem antes das demais, aproveitando a sede dos Fundos Soberanos. Nem precisa mencionar o tamanho dos prejuízos que esses Fundos estão amargando. Esse processo faz parte da solução, pois se constitui no mecanismo de transferência dos ativos dos weak para os strong hands, o único caminho para as engrenagens voltarem a funcionar.

Outra medida proposta por Wolf seria a suspensão dos dividendos. Não sei como funciona o ordenamento jurídico norte-americano, se é possível legalmente uma medida de força em suspender cláusulas estatutárias. Uma pressão do Tesouro e do Fed me parece que seria suficiente pelo menos para que as instituições parassem de distribuir dividendos em valores acima das exigências estatutárias. Observo que alguns bancos continuam distribuindo, porém me faltam informaçõse se tais dividendos decorrem de cláusulas estatutárias, como as que atribuem dividendos mínimos.

A recomendação seguinte, se correta a tradução, é um desastre. Diz ele, se não funcionar, poderia haver conversões forçadas de dívida em equity. Nessa recomendação o Mr Martin Wolf entrou em delírio.

Se por um acaso, o mercado respirasse rumores dessa natureza, muito, mas muito antes de uma medida como essa ser implementada, haveria uma corrida destranbelhada para os hard assets, como ouro e commodities, e talvez até sobraria alguma coisa para as ações.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Índice Bovespa sem Energia, Materiais e Bancos

Os setores de energia (petróleo basicamente) e materiais (siderurgia e mineração) sofrem enormes influências do cenário externo e o setor bancário, faça sol ou faça chuva em nosso país, nos últimos anos sempre apresentou um ROE bem acima de 20% aa. No momento atual esses setores representam quase 60% da carteira do índice Bovespa. Por isso eu não recomendo empregar o índice Bovespa como um leading indicator da nossa economia.

Para eu ter uma idéia do que se passa nas empresas voltadas ao mercado interno, eu excluo os setores acima do índice Bovespa, mas tomando o cuidado de manter as participações dos papéis na carteira do índice.

Ao fazer esse exercício eu estarei tendo uma idéia do comportamento das ações dos setores de alimentação, elétrico, telefonia, aviação, bebidas, fumo, embalagens, setor imobiliário e açúcar e álcool.

A figura abaixo mostra como teria sido o comportamento diário desde o início de 2006 do índice Bovespa sem os setores de energia, materiais e bancos.


Fonte: Bovespa, KB – Figura 1

Há duas coisas interessantes que me chamam a atenção no gráfico acima. Em primeiro lugar esse índice não registrou novas máximas no mês de maio de 2008, mesmo com a euforia após a concessão do investment grade pelas agências de classificação de crédito. Foi quando o índice da figura acima tentou sem sucesso superar pela 3ª vez o seu pico histórico, ponto identificado pela reta cinza clara no corpo da figura.

Os investidores mais experientes haviam notado há muito tempo a enorme dependência do índice Bovespa em relação aos desempenhos das ações da Petrobrás, Vale e siderúrgicas, não sendo essa uma observação que cause algum espanto. Um dos sintomas da exaustão de uma tendência de alta é a crescente seletividade no movimento. Sintomas de vulnerabilidade do mercado começaram a surgir a partir de outubro de 2007 quando foi assinalado um topo duplo no índice da figura 1.

No topo assinalado no começo do ano de 2000, idêntico fenômeno aconteceu com o setor de telecomunicações que representava à época cerca de 50% da carteira. Esse setor sustentou o índice até março de 2000, a partir de quando foi dado início a um feroz bear market com duração de 2 anos, comportamento que serviu para iludir milhares de noviços que estavam entrando no mercado, atraídos pelo excelente desempenho do mercado de ações desde o início da década passada. Mark Twain afirmava que a História sempre se repete, mas em ritmos diferentes.

A segunda observação se refere ao comportamento intrigante desse índice, que não é de conhecimento público. Em geral, somente índices muito acompanhados, particularmente aqueles sobre os quais se lançam opções ou índices futuros, é que apresentam um comportamento como o apresentado na figura 1.

Observem os padrões. O índice na figura 1 desenhou um topo triplo com precisão suíça, coisa pouco comum e somente observado em índices muito monitorados, pois são pontos onde o mercado é sempre testado por um exército de traders de curto prazo. Se o mercado é bom, o índice recua nesses pontos para depois ganhar força e empreender um breakout. Se o mercado é ruim ele soçobra diante das pressões.

O índice da figura 1 construiu um fundo triplo em agosto de 2007, janeiro e julho de 2008, que somente veio a ser rompido no mês de agosto, porém antes disso tentou um novo pull back. Outro comportamento típico de um índice sobre o qual se lançam contratos futuros. Além disso, o breakout do fundo triplo aconteceu com uma força notável, como se nesse ponto grandes players foram obrigados a acionarem estopes institucionais.

Se o índice da figura 1 mantiver semelhante comportamento, o próximo suporte, donde poderá emergir uma reação aproveitável, seria o fundo assinalado em setembro de 2007, que se situa cerca de 17% abaixo dos níveis atuais. Seriam ainda prejuízos consideráveis para as posições compradas, mas por outro lado revelaria que há chances de que uma boa parte das perdas já teriam sido absorvidas. No entanto, dada a gravidade da crise bancária, nem de longe eu insinuo que do fundo em setembro de 2006 poderia emergir um tão sonhado bull market.

A base de dados desse índice remonta a setembro de 2003, portanto é pequena. No entanto, como o mercado é uma máquina de desconto de eventos e em se tratando de um índice composto por ações voltadas ao mercado interno, o seu comportamento se alinha aos últimos dados do PMI Industrial do Brasil que aponta para uma visível desaceleração da atividade econômica.

Financial Capital vs. Mental Capital

Será que se perde apenas dinheiro quando os mercados embicam pra baixo por 4 meses (por enquanto)? É míope a abordagem que tem sido dada pelas reportagens mostrando investidores com perdas financeiras significativas. Convém lembrar que a maioria deles acumula perdas maiores que as dos benchmarks no ano porque foram atraídos pelos comerciantes do mercado financeiro de Pindorama (homebrokers, gerentes de banco, etc.), logo após a concessão do investment grade.

A perda maior não é a do capital financeiro. A exaustão do capital mental é muito maior e a que poderá trazer mais conseqüências em outras áreas da vida. A perda de dinheiro tem impacto direto na auto-estima. Muitos possuem locus de controle externo. Leia-se, possuem ego externo: a própria auto-estima depende da opinião de terceiros (!) Muito provável que um bom percentual de rookies no mercado de ações saia na próxima leg down. E nunca mais volte. Por isso, meus caros, fundamental é preservar seu capital mental para que seja possível aproveitar um novo rally. Se isso não ocorrer, você não terá o grau de confiança necessário para fazer para dar "enter" nas ordens de compra...

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Na verdade as LTB's não foram rompidas


Como disse o S. não houve rompimento da LTB no diário do BOV. Em WS nem perto chegou. Se o termo volatilidade "kills" a tendência esta é a hora de provar ser verdade, pelo menos no curto prazo. Em hipótese alguma falo em alta de longo prazo.

Não Dependa de Fontes Poluídas

Quando eu comecei a me envolver de maneira mais intensa no mercado de ações, colocando em risco o meu patrimônio, eu sofria da síndrome da falta de informações. Não conseguia encontrar uma fonte que pudesse solucionar todas as minhas dúvidas, e o pior, a cada dia elas brotavam aos borbotões. É uma coisa maluca e doentia. Sem mencionar as conseqüências danosas à sua saúde e sobre a convivência com os seus entes mais queridos.

Confesso que está muito difícil acompanhar os desdobramentos dessa crise. Eu que já trabalhei no coração de alguns bancos brasileiros e, apesar de distante há algum tempo, entendo como essa engrenagem funciona, porém eu não imaginava o quanto eu era ignorante em relação aos meandros do sistema financeiro norte-americano. Aliás, em todas as crises que eu vivenciei no passado aconteceu a mesma coisa, ou seja, a descoberta de quanto eu sou ignorante. É nas crises que surgem os esqueletos escondidos de nós, mortais.

Só tem um jeito de você sobreviver nesse turbilhão de notícias. Em primeiro lugar aceitar a idéia de conviver com a incerteza. Em segundo lugar, se apoiar em indicadores antecedentes e terceiro, se apoiar em muitos indicadores antecedentes, pois alguns deles podem em um determinado momento apresentar um viés. Além disso, ficar de olho também em alguns indicadores coincidentes e, finalmente, compreender como funcionam os instrumentos econômicos.

Outro dia eu mencionei que a autoridade monetária chinesa, por ter reduzido a taxa de juros, piscou e acusou o golpe. Essa hipótese está ainda para ser confirmada. Os indicadores PMI Industrial (leading indicator) da China a serem divulgados nos próximos 2 meses, sempre no 1° dia útil, irão ou não confirmar a minha assertiva. Eu os divulgarei nesse espaço nesses dias. Afirmei isso por conhecer como funcionam os bancos centrais.

Por não ter acesso às estatísticas chinesas, além de não confiar em nada no que dizem as autoridades de regimes autoritários, vou me escudar nos dados da economia norte-americana para ilustrar sobre como se libertar da síndrome da falta de informaçãoes. Aliás, convém mencionar que tampouco nas autoridades de regimes democráticos deve-se depositar confiança.


Fonte: Federal Reserve, KB - Figura 1

O gráfico mensal acima, desde janeiro de 1988, mais de 20 anos de história, mostra na cor preta a taxa de crescimento dos lucros nos últimos 12 meses da carteira do SPX e a linha vermelha o gradiente da taxa básica dos juros nos EUA. A correlação nesses últimos 20 anos foi de +73%, positiva, ou seja, o banco central aumenta a taxa de juros quando os lucros são crescentes e diminuem quando decrescentes. A escala na vertical se refere à taxa anual do crescimento dos lucros nos últimos 12 meses, não se referindo aos dados da curva vermelha que foi obtida por regressão linear para o encaixe das 2 curvas.

A curva vermelha, ou seja, o gradiente dos fed funds, a taxa básica, foi plotada até o mês de setembro de 2008 e a curva preta até dezembro de 2009, resultado das projeções dos analistas. O gradiente da taxa básica não é um leading indicator, ou seja, não é um indicador antecedente, mas tão somente coincidente. No entanto, como há alguns indicadores que permitem ter uma boa noção sobre os próximos passos do Fed, além do que existe um mercado futuro dos fed funds, pode-se projetar a curva vermelha no futuro, exercício que não foi feito na figura acima.

A curva do gradiente dos fed funds é um exemplo, mesmo sendo um indicador coincidente em relação aos lucros, de como extrair uma informação objetiva e sem viés, que lhe ajudará a perceber muito antes da maioria (e mesmo dos ditos experts) a mudança na direção dos ventos. Não é necessário ler pilhas de relatórios para perceber a razão da decisão do banco central chinês, e lá se foi a síndrome da falta de informações. A informação, no caso a decisão do banco central chinês, ocupou poucas linhas nos jornais, porém poucos conseguiram extrair o seu verdadeiro conteúdo, tampouco os editores das publicações.

A figura 1 ajuda a entender o motivo pelo qual a China reduziu a taxa de juros, e a resposta está no fato de que o ambiente econômico se deteriorou. Leitor, esse foi o primeiro aumento da taxa de juros depois de um longo período de aperto monetário, portanto, podemos estar assistindo a um turning point na economia chinesa. A intensidade de uma eventual mudança dos ventos por lá ainda está para ser mensurada, porém eu sei que um terço daquela economia é voltada para o comércio exterior.

No afã de gerar um clima positivo eu tenho lido em relatórios da banca internacional que esse movimento do banco central chinês terá conseqüências positivas no futuro. É óbvio que sim, pois chegará um momento em que não mais será necessário baixar a taxa porque a economia começaria a andar pelas próprias pernas. Porém, enquanto o banco central não mudar a rota da política monetária, a sinalização não é boa, como querem ensinar esses relatórios.

Quer dizer que taxa de juros em alta sempre será bom para os lucros e, conseqüentemente para o mercado de ações? Um retumbante não. Há um limite que se for atingido, e sempre será, as condições se tornam restritivas e danosas aos lucros. Isso ocorre quando a taxa de juros supera o nível suportável pelas empresas.

Há um critério extremamente simples para identificar a proximidade desse momento que, juntamente com outros leading indicators e o price action do mercado de ações, podem aprimorar o timing da sua identificação. Um dia, quando for pertinente, voltaremos a esse assunto.

De Olho nos Investidores Individuais

Tenho feito poucos comentários sobre o nosso mercado de ações porque há um dado tão negativo que sobressai sobre o price action e valuation, e que se trata do posicionamento dos investidores individuais. No acompanhamento do fluxo de todas as categorias dos investidores eu noto que os estrangeiros sempre mereceram mais atenção. No entanto, no meu julgamento, devido às enormes somas investidas nos últimos meses pelas pessoas físicas, os seus passos serão, até diminuírem as suas posições, mais informativos.

Tenho insistido, e volto a repetir, que os movimentos no mercado de ações dessa categoria de investidor ecoam os discursos dos formadores de opinião. A única explicação que eu encontro para o fato desses investidores não terem desovado as suas expressivas posições compradas recentemente no trading direto na bolsa, mal compradas por sinal, é que os seus mentores ainda não entenderam que o longo processo de deleverage afetará negativamente os preços de todos ativos de risco no mundo inteiro.

A mim não é concebível, e não tem precedente na história, que esses investidores, com pouca educação financeira e sem ter vivido a montanha russa que é o nosso mercado, sejam bem sucedidos no trading na bolsa. Casos isolados e marinheiros de primeira viagem sempre existirão, porém a minha atenção é para o comportamento médio dessa categoria.

Esses investidores desovarão suas posições no mercado com perdas, infelizmente. Suspeito que esse movimento poderá acontecer na próxima fase de baixa porque deverá doer fundo em seus bolsos. Se essa lógica estiver correta é porque ainda voltaremos a assistir ao binômio de novas quedas com notícias atemorizadoras. O retorno da dor depois de um período de alívio, causado possivelmente pelas notícias dos socorros financeiros pelas autoridades, é uma sensação insuportável.

Não importa quando essa nova fase de baixas terá início, o fato é que enquanto ela não acontecer acompanhada de uma debandada dos investidores individuais eu não me sentirei confortável numa posição comprada significativa.

Não faço idéia se algum leitor se convenceu da minha lógica. Talvez o gráfico mensal abaixo que revela o comportamento do investidor individual no trading direto na bolsa ajude nesse sentido. Caso contrário, boa sorte. Esse gráfico mostra o fluxo acumulado mensal dessa categoria de investidor, na cor vermelha, entre janeiro de 2005 até o dia 18 de setembro (parcial), o último dado disponível.


Fonte: Bovespa, KB

Conforme já foi comentado nesse espaço, os investidores individuais foram, no trading direto na bolsa, vendedores até outubro de 2007 e somente se tornaram compradores líquidos a partir do mês seguinte, quando a curva vermelha passou a subir. A única exceção foi o mês de abril de 2008 quando voltaram a ser fortemente vendedores, lamentavelmente o mês em que a S&P concedeu a classificação de investment grade ao país no dia 30. Se não fosse trágico seria cômico.

No mês de maio de 2008 os investidores individuais permaneceram hesitantes até o dia 19, dia do pico histórico do Bovespa. A partir de então voltaram às compras, encerrando o mês com fluxo positivo.

O recorde histórico de compras, sem precedentes na bolsa (não chequei os volumes durante o encilhamento no final do século XIX), ocorreu no mês de junho de 2008, decerto porque esses investidores finalmente se convenceram de que, com a confirmação do rating pela Fitch no dia 29 de maio, haveria uma avalanche de recursos para a bolsa e seria recomendável se antecipar ao movimento. Afinal os gurus diziam que os fundos de pensão e outros investidores institucionais estrangeiros somente poderiam investir em ações brasileiras depois de que duas agências atribuíssem ao país classificação de investment grade.

Enquanto isso os estrangeiros....


Fonte: Bovespa, KB

O investidor individual que comprou mal e que, pelo seu perfil, não vendeu por não suportar a idéia de ter sido o pato nessa história, a ele somente resta uma alternativa, dobrar a aposta, mas no timing correto. Antes porém, esse sujeito deveria saber que errar não é uma vergonha, faz parte desse jogo, não podendo é persistir no erro.

Para sair dessa enrascada, o investidor deveria agir de maneira oposta à dos patos. E não será fácil comprar em um eventual pânico, pois é aterrorizante. No entanto, as chances de sucesso aumentam quando não se adota a herd mentality, além do que, novas quedas lançariam os preços para níveis bem mais convidativos. Como há a hipótese de termos entrado na fase de um ajuste mais prolongado, eventuais posições adicionais deveriam ser administradas e eu não recomendaria, pelo menos pelo que eu enxergo no momento, adotar para essas posições a mesma postura de compra-e-segure.

Alguém já deu uma olhada no Baltic Dry Index?

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

More Headwind

A correlação positiva entre o gradiente da taxa do T Bonds de 10 anos e a taxa de crescimento nominal do Pib foi de +71,8% na presente década. Nem podia ser de outra forma uma vez que um maior dinamismo da economia estimula uma maior demanda por capital e, conseqüentemente, dos juros.

O gráfico trimestral abaixo mostra a taxa nominal de crescimento do Pib na cor preta e a variação ou o gradiente da taxa do Treasury de 10 anos na cor vermelha. Essa curva dos T Bonds foi obtida por regressão linear, sendo que a escala vertical corresponde à taxa de crescimento do Pib.


Fonte: Federal Reserve, KB – Figura 1

A dívida líquida do Tesouro em relação ao Pib é atualmente cerca de 40% do Pib, sendo o agente econômico menos endividado entre todos na economia norte-americana. Ao engolir a Fannie Mae e a Freddie Mac o Tesouro levou para o seu balanço 40% do Pib em dívidas adicionais, elevando-as para 80% do Pib. Assim está afirmando muita gente, inclusive artigos nesse sentido no Financial Times, o melhor jornal financeiro do mundo. É uma grande bobagem, pois a dívida líquida pularia de 40% para 80% somente se todos os créditos das 2 GSEs fossem totalmente podres, o que é praticamente impossível. A maioria dos créditos, embora nem todos, tem chances de ser recuperado uma vez que as 2 GSEs pelo menos adotaram algum critério na compra dos ativos hipotecários, prática que foi deixada de lado por muita instituição porra louca.

Mesmo que a dívida líquida não suba de 40% para 80% do Pib, serão mais U$ 6 trilhões de funding que o Tesouro terá que buscar no mercado, sem contar novos bailouts que poderão vir. Como conseqüência, o mercado reagiu prontamente e puxou a taxa do T Bond de 10 anos de 3,4% aa para quase 3,9% aa em apenas 2 pregões. O gráfico diário abaixo da taxa do T Bond de 10 anos inclui o dia de hoje, embora o pregão não tenha terminado.


Fonte: StockChart – Figura 2

Onde eu quero chegar? Em geral o arrefecimento da economia, conforme mostra a Figura 1, provoca uma redução do rendimento da taxa de juros de 10 anos, reduzindo a atratividade da renda fixa e, conseqüentemente, a competitividade com o mercado de ações. O recuo na taxa de juros reduz a pressão sobre os earning yields (lucros em relação aos preços das ações) no mercado de ações.

Com a elevação da taxa do T Bond de 10 anos após o anúncio do mega socorro às instituições, o mercado de ações terá que oferecer earnings yields mais atrativos e isso somente ocorrerá com quedas nos preços das ações, pois aumentos nos lucros na atual conjuntura é uma hipótese pouco provável. Mais um vento de proa para o mercado de ações.

Roubini, o Bruxo

Nouriel Roubini, o economista com um dos melhores track records em seus calls sobre a crise de crédito, o mais execrado pelos seus pares até o início da crise em agosto de 2008 e atualmente o mais solicitado para o desgosto de seus antigos detratores, afirmou em um dos seus últimos relatórios que a próxima corrida será contra os hedge funds.

Delevarage

As dívidas das famílias, das empresas e dos governos estaduais e federal dos EUA há alguns anos superaram a casa dos 300% do Pib norte-americano, nível que nem em 1929 foi atingido. O relaxamento dos critérios de concessões de créditos, sob os olhares cúmplices das autoridades monetárias, e a política monetária assimétrica do Fed resultaram em pilhas de créditos tóxicos. Para piorar a situação em muitos casos as garantias continuam perdendo valor como no caso dos bens imobiliários.

A assimetria da política monetária do Fed chegou a tal ponto que a expansão econômica desde a última recessão, no início da década em curso, foi uma das únicas, senão a única na história daquele país, que não partiu de um ponto em que havia superávit em transações correntes.

Eu julgo que as medidas recentemente adotadas, quais sejam as estatizações da Fannie Mãe e Freddie Mac, que aumentaram o endividamento público bruto federal em 40% do Pib (o endividamento líquido dependerá do grau tóxico dos ativos das 2 GSEs) e a criação da entidade anunciada nesse final de semana, foram no caminho certo, embora por motivos errados. Os USA se transformaram em USSA. Porém, se não fossem adotadas tais medidas haveria uma implosão do sistema financeiro mundial. O que aconteceu até o momento foi a transferência da dívida de um setor bancário debilitado para o governo federal, o menos endividado entre todos os agentes e com mais capacidade (ainda) de financiamento. Isso não fez parte do processo de delevarage a que estou me referindo.

O endividamento bateu no teto, pois atingiu um nível em que o menor default corrói todo o capital próprio da instituição financeira e uma pequena redução do preço do ativo imobiliário faz com que muitas famílias apresentem equity negativo.

Teve início o processo de desalavancagem que consistirá no enxugamento particularmente dos balanços das famílias e do setor privado e que levará anos para ser concluído. Japão, que enfrentou esse mesmo processo, está há duas décadas em estagdeflação por não ter cortado na carne logo de cara. Não se espera que a América seja tão lenta assim, porém os japoneses puderam se dar a esse luxo. O Japão contava com uma poupança interna em torno de 15% do Pib quando o processo teve início. Atualmente gira em torno de 6% do Pib.

A América, pelo contrário, terá que enfrentar essa tarefa a partir de um ponto em que a poupança interna inexiste. Terá que gerá-la internamente via redução do consumo que representa 20% do Pib global. Caso contrário o déficit atual em transações correntes iria explodir e o mundo rejeitaria de vez o Dólar. E é ai que a porca irá torcer o rabo.

domingo, 21 de setembro de 2008

Suportes pelo Valuation – Parte I

O critério para a identificação de uma resistência ou de um suporte para a maioria dos adeptos da AT (análise técnica) é o último baluarte do preço. Embora eu atente para esse critério, me parece que no curto e médio prazo a melhor resistência ou suporte é a região onde houve uma intensa troca de posições no passado recente, movimento que é identificado pelo elevado volume.

Um exemplo vale mais do que mil palavras. O 1° forte abalo na Bovespa com a crise no mercado imobiliário ocorreu no final de julho de 2007. Parece que o mundo ia acabar. As quedas nos dias 15 e 16 de agosto de 2007 marcaram o final da correção e esses 2 dias apresentaram os 2 maiores volumes financeiros normalizados da história, que não foram superados até hoje. A partir do dia 17 de agosto o índice Bovespa começou a ensaiar uma reação, inicialmente de maneira bastante hesitante. No dia 22 de agosto o índice fechou acima da máxima intradia assinalada no dia 15 de agosto, o dia do 2° maior volume da história. Esse foi um forte sinal de que a tendência de baixa havia sido revertida, porém somente tivemos conhecimento do trigger no dia 18 de setembro quando o Fed surpreendeu o mercado com um corte de 75 pb.

Através do valuation pode-se identificar zonas de valor que podem servir de suportes, pois abaixo dessas regiões os value investors são atraídos, em geral strong hands e costumam saber o que estão fazendo. A partir desses níveis de preços poderia se pensar em buy-and-hold, uma abordagem muito diferente da que tem sido recomendada de forma indiscriminada, mais por pura ignorância e desconhecimento do que se está apregoando.

A minha abordagem sobre o mercado é sempre top-down, ou seja, eu começo a avaliação pela análise do quadro macroeconômico para então chegar ao stock picking. A razão dessa estratégia é que em bear markets a vasta maioria dos papéis cai, além do que aumenta-se a atratividade da ponta short.

O meu modelo básico do valuation se resume na equação abaixo:

P = M x L onde

P = é a cotação de um importante índice representativo de um mercado, no caso seria o SPX
M = Múltiplo ou o número de vezes que o mercado está disposto a pagar por “L”
L = Lucro nos próximos 12 meses, consenso dos analistas

Pode-se criar diversos modelos para o “M” e para o “L”. Eles nunca serão precisos, porém ajudarão bastante e é melhor tê-los do que nada ter. “M” é uma função de várias variáveis, sendo a inflação uma das principais, pois ela determina a atuação do banco central na sua política monetária. Afinal, os juros mais um prêmio de risco compõem a taxa de desconto e quanto maiores, menores serão os valores presentes dos fluxos de caixa das empresas. O prêmio de risco é outra importante variável e por ai vai.


Fonte:KB – Figura 1

O eixo das ordenadas à esquerda no gráfico acima mostra a escala do Múltiplo. A curva vermelha é o modelo teórico. O eixo das abscissas (horizontal) é um conjunto de variáveis, entre as quais a inflação, prêmio de risco, etc. Atualmente o Múltiplo do SPX é de 20,8 vezes, o meu modelo mostrado pela curva vermelha na figura acima aponta para um fair value de 16,3 vezes e o do Bear Stearns de 13,8 vezes (não mostrado). Dessa forma, é possível que o valor atual do SPX em 1255 pontos esteja overvalued pelo termo “M”. Vamos à análise do termo “L”.

Quanto ao “L” a minha noção advém dos indicadores antecedentes dos lucros, os leading earnings indicators (LEI). Eu já apresentei um deles aqui e é necessário empregar vários deles, pois é muito comum o break down de correlações. Alem dos LEIs eu penso ser muito útil ter uma noção sobre o ciclo dos lucros, pois há um regular movimento pendular ao longo dos anos. Em outro comentário feito há alguns dias atrás eu mostrei um gráfico preparado pelo Morgan Stanley sobre o comportamento cíclico do ROE global.


Fonte:KB – Figura 2

A figura acima mostra a evolução do ROE do SPX desde o ano de 1977, portanto são 30 anos de história. A reta horizontal superior mostra a média do ROE acrescida de 1 desvio-padrão e a inferior a média deduzida de 1 desvio-padrão. Nesse período o ROE médio, identificado pela reta horizontal intermediária, foi de 13,7% aa e atualmente se encontra em torno de 10%. A curva vermelha mostra o ROE estimado até dezembro de 2009 segundo as projeções de lucros dos analistas.

Vê-se pela figura 2 que a recessão nos lucros está em fase adiantada, mas ainda pode piorar mais um pouco, uma vez que entre 9 indicadores antecedentes do lucro da carteira do SPX apenas um apresenta comportamento positivo, um neutro e o restante negativo.


Fonte:KB – Figura 3

O gráfico acima mostra a evolução dos lucros de todas as companhias norte-americanas, e não somente da carteira do SPX, em relação ao Pib. Quem vê esse quadro rapidamente chega à conclusão de que os lucros podem ainda cair muito. Pode até ser, pois o nível da produtividade atual da economia norte-americana está bem abaixo da atingida na 2ª metade década de 90 devido à globalização comercial e financeira, além das inovações tecnológicas, particularmente com o advento da Internet. Esse movimento está amadurecido, a internet está incorporada às nossas vidas e como mostram os dados nos últimos anos, a produtividade da economia recuou visivelmente.

No entanto, com a terceirização dos serviços e processos industriais, ou seja, com a divisão internacional do trabalho através da globalização comercial, eu receio que tão cedo veremos os lucros iguais a 6% do Pib como aconteceu na década de 80, pois o componente salários do Pib, sob a ótica da renda, dificilmente retornará ao que era no passado. Com a enorme facilidade de comunicação, nos dias atuais tem sido muito fácil as empresas terceirizarem os serviços na Índia por exemplo. Além disso, as décadas de 70 e 80 foram um dos períodos mais hostis aos lucros devido à hiperinflação nos EUA.

Em resumo, pelo dado do Múltiplo, há espaço para novas baixas. Caso o Múltiplo pago pelo mercado convirja para o meu modelo ainda teremos um potencial de baixa de cerca de 20%, caso em que o SPX poderia atingir os 1000 pontos. Em relação ao modelo do Bear Stearns nem convém fazer a conta. No entanto, convém enfatizar que os modelos dos Múltiplos não apresentam a acuidade desejada e devemos recorrer a outros instrumentos para identificar um fundo sólido. Pelo lado dos lucros, a maioria dos LEIs não mostram sinalização positiva. Bottom line: pelo modelo empregado acima, o risco de downside do mercado é amplamente superior ao do upside.

Como empregar esse método de valuation ao Bovespa, já que a maioria não opera ativos norte-americanos? Deixemos essa parte para uma fase II, mas posso adiantar que no mundo atual os vasos comunicantes estão desentupidos e que a modelagem empregada lá fora servirá muito para o nosso caso.

Um toque sobre o curtíssimo prazo. Como o SPX rompeu a parte superior de uma região de altíssimo volume, a chance é de que houve uma reversão da tendência de curto prazo, conforme já suspeitava em comentário anterior. O passo seguinte é ficar de olho nos indicadores de sentimento de curto e médio prazo, Vix incluso, aos volumes, às medias móveis de 50 e 200 no SPX e à retração dos 50%, sob pensa de cair numa armadilha do urso. Por ai poderemos identificar a exaustão da reação iniciada no final da semana passada. Coisa talvez para outubro.

de saida para Toronto

Como deverei parar de postar aqui por algum tempo; eis que estou de saida para Toronto; deixo aos visitantes que nos honram procurando êste espaço; principalmente àqueles noviços neste mercado da era do recente formidavel Bull ora capão tomando tonelada$ de injeçõe$; e que nos leram pela primeira vez, insipientes incipientes; nossos agradecimentos por privilegiarem esta praia limpa e bem intencionada.

Peço desculpas se a um ou outro player mais experiente os posts dêste ora andarilho possam parecer repetitivos, assim como as estórias aqui relatadas sôbre velhas reprises de idem filmes do market e suas adjacências que lhes sejam já cansativas de ler, de tão manjadas para quem já as conhecia por si ou delas tomou conhecimento por outros bem intencionados como eu; o que pode, acredito, não ser o caso de patos novatos que eventualmente visitem o blog, poucos hoje e por certo inúmeros mais para a frente, menos sábios e menos experientes, com certeza. E aos quais o saber de velhas estórias pode ter alguma utilidade para quem estiver aprendendo a voar.

Embora, numa retrospectiva histórica mais ampla e mais aberta, para observadores idem, REPETITIVO SEJA O MARKET e facil de manjar na verdade. Motivo pelo qual venho a tempos repetindo a traders amigos, como disse hoje mesmo a um dos mais caros, que "além de acompanhar os movimentos de CP, nunca nos esqueçamos de dar, vez ou outra ou sistemàticamente, uma olhadinha nos maravilhosos e enriquecedores longos panoramas retrospectivos dos Historical Charts, inclusiove os longuíssimos de LAPDV; eis que é imperativo, tanto ao player quanto ao trader conscientes, ter sempre uma Visão Comparativa, não apenas de diferentes Ativos num mesmo Tempo, mas e além disso e indispensavelmente, de TEMPOS DIFERENTES DE UM MESMO ATIVO".

Poderia, é claro, ao invés disto, expor quadros analíticos específicos sôbre ativos e ou fazer considerações informativas e analíticas macro-econômicas, tanto sôbre nosso MF quanto sôbre o Mercado Financeiro Internacional; inócuas entretanto a não ser que repetisse, do pouco que entendo, algo de um parceiro que aqui escreve e que sabe apenas tudo ou quase, mesmo que modesto e simples ao expôr complexidades.

No que aqui importa e como já disse, sendo eu apenas mais um pato convicto, tenho escrito para meus afins e não pretendo escrever para experts já que para fazer isto temos o KB e os demais Administradores dêste Blog; assim enriquecido, penso eu, justamente pela disparidade de opiniões que ocorram e também pela diversidade de estilos e conteúdo, como convém a questões dialéticas sôbre qualquer tema, e mais ainda em se tratando de Mercado de Capitais, onde, a cada dia, e a cada minuto e segundo, há sempre, bàsicamente, duas opiniões confrontantes: A DO COMPRADOR E A DO VENDEDOR, como òbviamente todo mundo sabe.

Aos velhos traders nada a comentar; senão as cicatrizes a relembrar; tiros de caçadores de lagoas que já levamos muitos; apenas penas a voar; mas que não voltem à torcida enquanto jogam, pois a gente torce é para time de futebol; como eu que recebo por mês de um certo cara azurrense para torcer pelo mesmo time que êle, tantos são os aficcionados do tal colegiado perna de pau.

E vai sem editar nem corrigir que o jato da minha carona já está na pista.


BOA SORTE A TODOS.